Televisão do futuro: como será o amanhã? Responda quem puder

4K, 8K, conteúdo transmídia, TV em qualquer hora e em qualquer lugar, comportamentos, novos hábitos, modelos e oportunidades de negócios. Como será o ecossistema da indústria televisiva em um futuro próximo? Estes foram alguns temas debatidos na Hot Session do último dia do congresso SET 2014.

“Embora todos concordem que muito em breve a televisão não será a mesma, ninguém pode dizer com certeza como será esse processo”. Assim, Nelson Faria Jr (SET) deu início a sessão: “Cenários & Tendências: Hot Session: As novas tendências de exibição e consumo de mídia”, que pretendeu abordar o consumo das tecnologias que em breve estarão disponíveis, com o 4K e aquelas que estão mais popularizadas como a segunda tela, conteúdo transmídia e TV em 8K. O que será o futuro da televisão e o que isso impacta nossa vida?

Rodrigo Arnaut (SET/TV Globo/ERA Transmídia) iniciou a sessão pela questão do conteúdo transmídia e suas possibilidades de engajamento da audiência. Abordou as diferenças entre os conteúdos multimídia, crossmídia e transmídia e suas aplicações e objetivos dentro de um plano de negócios dos conteúdos audiovisuais, sejam para cinema ou televisão. Arnaut defendeu a integração entre todos os setores da indústria na busca pelo entendimento dos diversos formatos que um programa ou uma grande de programação pode vir a ter dentro de um projeto em transmídia ou em múltiplas plataformas. Destacou que este projeto transmídia deve ser pensado em sua origem, ou seja, na concepção da própria obra. O difícil do conteúdo transmídia tem que ser pensado dentro de cada plataforma em seu roteiro, design difusão são complicados, mas o mais desafiador e criar as estratégias que irão interligar cada ação anterior Isto só se faz com ousadia e inovação”.

David Britto (SET/TQTVD) abordou as possibilidades que a tecnologia está proporcionando a experiência de assistir televisão destacando a oportunidade que a TV híbrida tem gerando na forma de novos negócios e engajamento da audiência. Brito tratou especificamente da plataforma Hybrid Cast na NHK no Japão que já está trabalhando dentro da UIT as normas e padrões para estabelecer este novo sistema. Desde 2009 a SET já vem discutindo esta plataforma pela robustez do sistema e a possiblidade de fornecer conteúdo a milhões de pessoas com custo fixo. Flexibilizar o conteúdo personalizado ao broadcast que o IP já permite. Este debate já vem sendo tratado pelo IBB (Integrated Broadband & Broadcast) que une várias empresas e emissoras brasileira que buscam aplicar este sistema no Brasil.

Tendencias de exibição incluiem conteúdo transmídia e Ultra HD

Logo após, Salustiano Fagundes (SET/HXD) trouxe para a sessão questões que estão disponíveis hoje e não algo para um futuro próximo. Isso demonstra que o tema é de significativa importância, pois as novas formas de ser ver televisão já estão alterando os padrões e comportamentos conhecidos e estabelecidos no modelo analógico. Na visão de Fagundes, TV Everywhere, personal streaming, TVs conectadas, second screen, rupturas de modelos e novos players já são a realidade de nosso contexto, e o futuro, será a popularização destas tecnologias em nosso cotidiano. Para que ocorra essa popularização é preciso uma integração entre as emissoras e o mercado, pois é o mercado que mais rapidamente abraçou o novo e promove sua aceitação pelos indivíduos.

Lula Vieira (Publicitário) apontou a visão do mercado em relação a todas essas mudanças. E a transformação da publicidade antes pensada para TV analógica e a agora com tantas outras plataformas que exigem a captura quase que imediata da atenção do espectador para a mensagem de seus anúncios.

Adilsom Malta (ex-presidente da SET) terminou a sessão destacando a corrida para se acompanhar as novas tecnologias que nem foram completamente implantadas e que já foram suplantadas por outras mais eficientes ou “mais novas”. Malta afirmou que a questão principal é o conteúdo, pois dentro de muitas emissoras elas não foram amplamente discutidas e em muitas não estão instaladas. Essa desigualdade gera custos muito altos que atrasam ainda mais a aceitação e popularização. Por isso a TV aberta ainda tem um papel preponderante nesse momento de transição e temos que olhar para o futuro para nos prepararmos para ele, mas temos que estar mais atendo ainda com o que acontece hoje para que possamos construir um futuro sustentável para toda a cadeia produtiva.

O Congresso teve 44 sessões e 220 palestrantes distribuídos em 4 auditórios simultâneos, em um fórum que congregou um grupo seleto de mais de 1.600 profissionais que discutiram as questões mais relevantes do setor intensamente durante um período de 4 dias.

O evento reuniu de 24 a 27 de agosto de 2014 no Pavilhão Azul do Centro de Convenções e Exposições Expo Center Norte em São Paulo, especialistas do Brasil, Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, que discutem os principais aspectos da produção, transmissão e distribuição em TV, além de temas relacionados a vídeo, cinema, rádio e internet. Entre os temas destacados está o switch-off TV, as interações entre TV e Internet, os desenvolvimentos tecnológicos da Copa do Mundo e muitíssimos outros temas de atualidade da indústria.

* Por Francisco Machado Filho, Unesp