Telejornalismo pensado além da TV

A palestra discutiu a nova forma de produção de jornalismo na era digital e suas implicações sobre os profissionais do setor

A palestra “A produção do Jornalismo na Era Digital”, moderada por Raimundo Lima (SET/SBT) aconteceu no segundo dia da 26ª edição do Congresso SET, realizado pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET).

A discussão girou em torno do papel do profissional broadcaster no fluxo de trabalho, ou workflow, diante de uma realidade onde o fluxo de informação é gigantesco e a audiência não é mais passiva. “Antes você precisava estar em uma sala com uma televisão para ter acesso ao conteúdo televisivo noticioso, hoje, com a disseminação de outras tecnologias, isso já não acontece”, aponta Lima.

Fernando Mattar, editor-chefe do Jornal da Band, seguiu a discussão falando sobre sua experiência no processo de apuração de notícias. O caso da morte de Eduardo Campos mostra a forma como mídias como a internet, o rádio e os smartphones foram essenciais para a cobertura do evento. “Quando ouvi o primeiro boato da queda de um helicóptero, enquanto estava a caminho da Band, já comecei a entrar em contato com quem seriam os responsáveis pela cobertura pelo celular e a acessar agências de notícias atrás de novas informações. As primeiras imagens da cobertura vieram de um smartphone”, explica Mattar.

Diante de todo esse fluxo de informação, é essencial um fluxo de trabalho completo e muito bem arquitetado. Phillipe Carrasco, coordenador da infraestrutura do SBT, e Warren Arenstein, da Primestream Corporation, foram bem enfáticos nesse ponto. Carrasco se focou nas formas de quebra de paradigmas no workflow empregadas pela SBT e Warren falou sobre como pensar cada etapa da construção de workflow completo e eficiente.

Mattar também lembra do papel importante do profissional jornalista diante desse cenário: “formatar, editar e dar sentido a todo esse fluxo de informação na era digital é o grande desafio. Os jovens profissionais que vivem conectados podem até ter facilidade em lidar com as novas tecnologias, mas a experiência conta muito na hora da edição”.

Para completar a discussão, Maurício Donato Nunes, da Rede Record, trouxe diversas experiências com Second Screen (segunda tela) e transmedia, além de lembrar sempre do que é importante para um broadcaster: “Nós, broadcasters, temos que ter uma coisa em mente: devemos buscar nova audiência, que seja relevante e que traga um crescimento de faturamento através de novas formas de produção de conteúdo. Afinal, um negócio precisa trazer faturamento”.

O Congresso terá 44 sessões e 220 palestrantes distribuídos em 4 auditórios simultâneos, em um fórum que congrega um grupo seleto de mais de 1.600 profissionais que discutem as questões mais relevantes do setor intensamente durante um período de 4 dias.

O evento reúne de 24 a 27 de agosto de 2014 no Pavilhão Azul do Centro de Convenções e Exposições Expo Center Norte em São Paulo, especialistas do Brasil, Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, que discutem os principais aspectos da produção, transmissão e distribuição em TV, além de temas relacionados a vídeo, cinema, rádio e internet. Entre os temas destacados está o switch-off da TV, as interações entre TV e Internet, os desenvolvimentos tecnológicos da Copa do Mundo e muitíssimos outros temas de atualidade da indústria.

* Por Gustavo Zuccherato, aluno da UNESP

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