Congresso de Tecnologia do SET EXPO debate som acústico

Carlos Ronconi mediou a sessão “Áudio e Acústica” e em um mundo de Ultra Alta Definição em 4K ou 8K e sistemas de áudio em 7.1 ou 22.2 canais, como captar áudio em ambientes não controlados? Esta foi uma das premissas que iniciou as apresentações na sessão desta terça feira, 30 de agosto de 2016.

Para responder estas e outras perguntas, a palestra contou com a presença de representantes de todos os setores envolvidos na captação de áudio e acústica de estúdios e ambientes.

Renato Cipriane, projetista de estúdios e ambientes começou explicando uma dúvida corriqueira: existe diferença entre estúdios de broadcast e ambientes de captação de áudio?  As situações são muito semelhantes, mas onde o áudio captado será escutado é que faz a diferença. Tanto pode ser em uma televisão analógica ou em um ambiente sofisticado como um cinema. Com os equipamentos atuais é possível montar uma diversidade de ambientes em locais capazes de captar o som para transmissão broadcasting o que é muitos casos significa uma economia muito grande na implantação dos estúdios e no custo de produção dos conteúdos.  Certamente que os equipamentos influenciam a captação do som e “hoje temos uma gama de equipamentos sofisticados e de última geração, para na verdade entregar este conteúdo em baixa resolução como o MP3”. Por isso, o projeto de construção de um ambiente de captação tanto para broadcasting ou não, é fundamental.

O isolamento acústico é o outro ponto importante na captação de áudio. Nancy Devai, gerente de Produto da OWA, que atua no Brasil de 1988, apresentou a solução da empresa para revestimentos dos ambientes de captação ou ambientes internos que necessitam de tratamento acústico. Produtos como Sonex e Nexacustic que são revestimentos e forros de madeira que são utilizados atualmente tanto para aprimorar a acústica quanto estética de um estúdio. O que faz o isolamento uma parte tão importante é que ele tem por obrigação permitir a utilização conjunta de espaço sem transmissão de ruídos tanto externos quanto os internos que podem escapar dos estúdios e incomodar vizinhos ou outros setores dentro de uma emissora. O tempo de reverberação é outro fator preocupante para a empresa.

Geraldo Ribeiro, Engenheiro de som da g3r Produtos e Serviços Audiovisuais Ltda, iniciou sua fala elaborando um cenário padrão para um mundo ideal da captação de som, mas rapidamente lembrou a todos que no mundo real é tudo é muito diferente. A  função do captação e tratamento de som é exatamente essa, trazer para o mais próximo possível os níveis deste mundo ideal.

Ribeiro também relembrou para a plateia as principais características do som e o trabalho específico que os profissionais especializados têm na captação da voz, principal elemento a ser captado quando se fala em estúdios de cinema e televisão. Pra isso, os procedimentos técnicos se aliam a locais controlados de captação e se não possíveis de se controlar, que sejam trabalhos dentro dos orçamentos da produção e sempre com muita criatividade. Os fatores externos que influenciam a captação de áudio devem ser resolvidos e antecipados pelas equipes de áudio. Ribeiro relatou para os presentes sua experiência na produção do filme Cidade de Deus, do diretor Fernando Meireles, que na filmagem das externas na comunidade foram obrigados a recolher os cachorros e hospedá-los em hotéis de animais, para que os latidos não prejudicassem a captação de áudio.

Por fim, Luiz Kruszielski, com o tema “Acústica Voltada para a Dramaturgia”, relatou sua experiência como produtor de áudio na TV Globo e suas experiências em gravações de séries importantes como Liberdade Liberdade e Ligações Perigosas. O principal elemento de gravação é também a voz. “A dramaturgia brasileira ainda é sonora, mesmo na televisão e a televisão muitas vezes é a companhia da pessoa, ou seja, o áudio tem que estar inteligível, mesmo que a pessoa não esteja vendo a imagem”.  Kruszielski também apresentou exemplos um deles a locação da seria Ligações Perigosas que se passa nos anos de 1900 e utilizava como cenário um casarão em Laranjeiras no Rio de Janeiro que fica próximo a uma avenida onde circulam carros, motos e ônibus. O orçamento não permitiu uma intervenção grande na locação, a solução foi tapar, apenas com tapumes, todas as frestas de janelas e portas que permitiam o áudio de alta frequência que vinha da rua entrar no ambiente. “Soluções simples ou sofisticadas e dispendiosas para as produções devem ser definidas sempre em equipe e respeitando a criatividade e necessidade dramática dos demais diretores de uma dramaturgia”, lembrou.

Feira SET Expo
Horários
30 de agosto: 12h – 20h
31 de agosto: 12h – 20h
1º de setembro: 12h – 19h
Local: Pavilhão Vermelho, Expo Center Norte, São Paulo/SP

Por Fernando Moura, Isaac Toledo, e Francisco Machado Filho, em São Paulo