Começou o 26º Congresso Anual da SET

O evento reunirá especialistas dos Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, que discutirão os principais aspectos da produção, transmissão e distribuição em TV, além de temas relacionados a vídeo, cinema, rádio e internet. Entre os temas destacados está o switch-off da TV, as interações entre TV e Internet, os desenvolvimentos tecnológicos da Copa do Mundo e muitíssimos outros temas de atualidade da indústria

Começou neste domingo 24 de agosto uma nova edição do Congresso SET

Com 44 sessões e 220 palestrantes distribuídos em 4 auditórios simultâneos, este fórum congregará um grupo seleto de mais de 1.600 profissionais que discutem as questões mais relevantes do setor intensamente durante um período de 4 dias.

No congresso, além de tradicionais palestras com profissionais de destaque do mercado internacional, também acontecem talk shows, tutoriais e debates, onde são discutidos os atuais cenários do mercado e as futuras tendências.

Além de reunir moderadores e palestrantes que são uma referência no mercado e na academia, o Congresso SET ainda contará com a possibilidade de geração de conhecimento e de encontrar soluções ilimitadas nas diversas áreas de comunicação com as apresentações de cases dos painelistas inscritos para o evento.

Assim, a sua rica e extensa programação envolve as principais tendências e padrões internacionais do setor. Entre eles, o Ultra HD (4K), a distribuição do sinal de TV via IP, Integrated Broadcast & Broadband (IBB), ATSC 3.0, FoBTV, Rádio Digital, a transição do AM para o FM e da TV analógica para a TV Digital. Destacam-se ainda a convivência entre o LTE e a TV Digital, Social TV, Segunda Tela, Interatividade e Transmídia.

Um dos principais temas a serem debatidos durante o Congresso é desligamento do sinal analógico, a TV Digital e a ocupação da faixa de 700 MHz pelo sinal de 4G.Evento aprofundará temas polêmicos sobre a convivência entre o LTE/4G e a TV digital e a melhor forma de proceder o switch-off brasileiro.

De fato, o desligamento é um dos temas mais importantes da história da TV brasileira. Assim, o desligamento do sinal analógico está programado para começar em abril de 2016 e terminar em novembro de 2018.

No espectro de radiofrequência, o sinal de TV analógico ocupa hoje a faixa que envolve a dos 700 MHz. A partir de 2017, 12 meses após o início do desligamento, a faixa será ocupada gradativamente pelo sistema LTE/4G de telefonia celular. Para que isso aconteça, o governo federal deverá realizar em setembro de 2014, o leilão da faixa de 700 MHz para selecionar as operadoras de telefonia que prestarão esses serviços. Com a faixa de 700 MHz ocupada pelo sistema LTE/ 4G, a transmissão do sinal de TV estará limitada à faixa de 470 – 698 MHz, ocasionando um quadro de interferências entre os dois serviços que ficarão em faixas adjacentes, conforme revelaram, entre outros, os testes realizados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em conjunto com a SET e já divulgados na Revista da SET (Edição 141).

Uma das consequências de todo esse processo recairá sobre as emissoras de televisão que terão de desocupar o espectro”, alerta Fernando Ferreira, diretor-geral de Engenharia do Grupo Bandeirantes de Comunicação, membro da diretoria da SET e moderador de painel: “700 MHz – Oportunidades de Compartilhamento da Banda Larga e da Televisão”.

Nela, estarão reunidos a secretária de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Patrícia Ávila; o conselheiro e vice-presidente da ANATEL, Jarbas José Valente; o presidente de Telefônica-Vivo Brasil, Antônio Carlos Valente da Silva; o vice-presidente da Samsung, Benjamin Sicsú; e o vice-presidente do Grupo Bandeirantes Walter Vieira Ceneviva. “Aguardamos a publicação do edital de banda larga elaborado pela Anatel, para sabermos os compromissos das operadoras de telefonia com o processo dos 700 MHz”, comenta Ferreira sobre uma das questões que deverá ser abordada no painel.

“Para haver uma convivência harmoniosa entre os sistemas LTE e TV Digital, em bandas adjacentes, será necessário o desenvolvimento de novas tecnologias de recepção”, opina o professor Gunnar Bedicks, responsável pelos testes realizados no laboratório de pesquisas em TV Digital do Mackenzie e moderador da sessão: “700 MHz: front end dos novos receptores”. Bedicks convidou para a sua sessão representantes da MaxLinear, da Broadcom e da Silicon Laboratories, três dos maiores fabricantes mundiais de sintonizadores de silício (silicon tuners). As três empresas têm experiência em lidar com o problema da interferência no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, onde houve necessidade de técnicas para melhorar a robustez da recepção do sinal de TV digital e reduzir as interferências indesejáveis, quando o LTE foi adotado.

Na sessão “A faixa de 700 MHz, o regulamento e o edital de licitação”, que será moderada pelo CEO da Synthesis Consultoria, diretor de Planejamento do Uso do Espectro da ABERT e membro da diretoria da SET, Paulo Ricardo Balduino, será feita uma avaliação do processo que conduziu às regras que regulam a convivência entre a banda larga e a TV digital. Os participantes também discutirão o edital de licitação da faixa dos 700 MHz, sob o ponto de vista da radiodifusão e da própria Anatel.

Outro assunto que merece aprofundamento e estará na pauta da União Internacional de Telecomunicações (UIT) em 2015 é a utilização do espectro de radiofrequência. Na área de radiodifusão, por exemplo, a tendência de aumento na resolução de vídeo e o aparecimento de outras mídias provocaram uma corrida por novas faixas de frequência, impondo desafios sobre como melhor gerenciar a transmissão de dados nas plataformas digitais terrestres e de satélites. “O espectro é um bem escasso, por isso pretendemos discutir no painel qual o cenário futuro para a convivência entre os diferentes serviços que o utilizam”, afirma Ana Eliza Faria e Silva, gerente do departamento de Tecnologia e Transmissão da TV Globo, diretora de Tecnologia da SET e moderadora da sessão “Status Mundial do Espectro”, que reunirá dois grandes especialistas estrangeiros no assunto.

Segundo ela, o espectro é um recurso limitado e precioso e é usado para todas as formas de comunicação sem fio, incluindo as transmissões de rádio e televisão, a telefonia móvel, as ligações de banda larga. Sua utilização deve ser gerenciado e coordenada para maximizar seu uso e seu valor para os usuários evitando  interferência prejudicial entre os serviços. O espectro de radiofrequências é globalmente alocados aos serviços de rádio em caráter primário ou secundário conforme o Regulamento de Radiocomunicações publicadas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), e que contém definições desses serviços e uma tabela definindo sua alocações para cada uma das três regiões geográficas mundiais da UIT.

Esse painel vai discutir o cenário futuro de convivência entre os serviços. Quais são as tendências mundiais? O que esperar da próxima conferência mundial de radiocomunicação da UIT? Qual é o cenário nas Américas? Quais são as tecnologias que podem promover um aumento da flexibilidade de uso do espectro? Existe risco de aumento da interferência entre os serviços? Quais são as mudanças regulatórias necessárias para fazer frente a este novo cenário?

Para Valderez Donzelli, moderadora da sessão “Switch-off, do planejamento e perspectiva até a recepção”, a implantação do apagão analógico e um processo “bastante complexo e muitas perguntas ainda precisam ser respondidas” já que considerando a viabilidade econômica para aquisição de equipamentos e acessórios, nos perguntamos se a indústria e o setor de serviços terão capacidade se atender o cronograma em todas as fases?”

“Supondo que todas as emissoras tivessem dinheiro para comprar os equipamentos de transmissão, as antenas e as torres, a indústria teria capacidade para produzir e entregar esse material a tempo? Vai existir mão-de-obra suficiente no mercado para essa demanda?”, questiona a consultora de radiodifusão da Adthec e diretora Editorial da SET.

Na sessão “Switch-off analógico: como operacionalizar o desligamento”, será revelado um conjunto de estudos realizados pelo Fórum de TV Digital sobre práticas que precisam ser adotadas para o plano de ação do desligamento analógico, bem como ouvir a indústria de receptores (televisores e set top boxes), área de marketing (comunicação) e pesquisa domiciliar, para entender que modelos poderiam ser adotados para o Brasil.

“O sucesso do desligamento estará calcado essencialmente na comunicação efetiva, compreensão do comportamento da sociedade e formas de acesso à tecnologia”, resume Ivan Miranda, diretor de Engenharia da RPC, diretor da Regional – Sul da SET e moderador da sessão, que reunirá especialistas de governo e da área privada.

Outra das sessões, e a moderada pelo diretor da Regional – Nordeste da SET, Luiz Gurgel quem debatera em “Estamos preparados para o switch-off?” a infraestrutura e a cobertura do sinal digital no país em comparação com a atual cobertura do sinal analógico.

Integração da TV com a Internet
A total integração entre a televisão e a Internet será discutida durante o painel “TV 2020: o futuro da TV conectada”. Moderada por Aguinaldo Boquimpani, e a participação de especialistas do Brasil e do exterior, a sessão tem como principal objetivo provocar o debate sobre as tendências de tecnologia, da evolução da indústria e da audiência conectada.

Na opinião de Boquimpani, a integração completa da TV com a Internet é inevitável e deverá ocorrer em poucos anos. A questão essencial é saber quais os caminhos que devem ser percorridos para que essa evolução aconteça. “Cada vez mais a TV evolui para se tornar um aparelho mais complexo, inteligente e com capacidade de se conectar com a Internet. “Existem propostas, já disponíveis no mercado, que propiciaram essa conexão de diversas formas diferentes, só que até agora nenhuma foi bem-sucedida.”

Coordenador de um grupo de estudos tecnológicos na SET que analisa a evolução de padrões destinados a integrar o “broadcast” (radiodifusão) e a “broadband” (Internet), Boquimpani acredita que num futuro próximo a conexão da TV com a Internet vai envolver todos os diferentes players dentro de um mesmo ambiente. “Radiodifusor, provedor de broadband, operadora, fabricante do equipamento, enfim, todos vão participar de um mesmo ambiente que ofereça uma experiência totalmente integrada para o usuário final.”

Entre os debatedores do tema, encontra-se Masaru Takeshi, pesquisador do laboratório da emissora estatal japonesa NHK, desde 1990. Além das pesquisas de ciência e tecnologia que desenvolve, Takeshi desenvolve atividades de normalização da TV interativa e integrada Transmissão-Banda Larga sistemas (IBB) em ARIB, IPTV Forum Japão, FOBTV, ITU-R e ITU-T. “A TV de alta definição nasceu nos laboratórios japoneses e as impressões de Takechi sobre o que está acontecendo por lá serão muito apreciadas”, observa Boquimpani.

O conceito da TV Digital Interativa também será objeto de um painel do congresso, intitulado “Brasil 4D”, que será moderado por André Barbosa Filho, chefe de Assessoria da Diretoria da Presidência/ EBC. Barbosa coordena na EBC o projeto de TV Pública Digital Interativa, chamado Brasil 4D, que venceu o Prêmio Frida 2014 e será tema do painel.

Tecnologia utilizada nas transmissões de TV da Copa do Mundo

Outro dos temas importantes nesta edição do Congresso SET serão as tecnologias utilizadas para a realização da Copa do Mundo que se realizou no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho passado. Por isso, um dos painéis debatera o denominado “Padrão FIFA”.

Assim, a estrutura montada no Brasil utilizou os servidores e todo o workflow da EVS, tanto nos estádios como no International Broadcast Center (IBC), no Rio de Janeiro. Como foram projetados, instalados e operados esses sistemas é o tema da palestra que Benjamin Mariage, vice-presidente de Vendas da empresa para a América Latina.

Todas as imagens produzidas pelas câmeras Sony que trabalharam para HBS (Host Broadcasting Service) durante a Copa do Mundo no Brasil foram gravadas e produzidas nos estádios em servidores e em sistema de gerenciamento de conteúdo da EVS, ao mesmo tempo enviadas para o IBC. Ali elas foram catalogadas nos servidores da EVS e imediatamente distribuídas para as emissoras de televisão licenciadas.

Os servidores da EVS também criaram clips e listas dos melhores momentos e compilaram os principais lances exibidos durante a transmissão dos jogos. “O objetivo da palestra é discutir todas as etapas da produção dos vídeos da Copa e mostrar as inovações introduzidas nas transmissões”, destaca Mariage. Uma das novidades no Mundial do Brasil foi criar e distribuir, ao mesmo tempo, seis sinais em “live streaming” – com os principais ângulos de cada boa jogada –, para o aplicativo multicâmera. O usuário recebia as imagens, mesmo as que não foram exibidas pela TV, no seu dispositivo móvel em até um minuto após o lance ter ocorrido.

Ainda, o Congresso SET contará com a presença de responsáveis da maioria das fornecedoras do mercado de broadcast que dão suporte tecnológico às transmissões inéditas em 4K de jogos da Copa, feitas em caráter experimental pela SporTV, Canal da Globosat, em parceria com as operadoras NET, Oi TV e Vivo que pode ver nesta edição da Revista da SET.

Também serão apresentados cases sobre o acontecido na Copa do Mundo, por exemplo, “Estudo de caso: FOX Sports copa do mundo da FIFA 2014” apresentado por Sonia Reese de AVID, palestra apresentada no painel: “Dimensionamento de redes para sistemas tapeless”, moderado por Sergio Tadeu Guaglianoni (SET/ MEGA TV / MIX TV / MIX FM). O painel debatera a funcionalidade de sistemas de digital media workflow, depende do desempenho técnico da rede de TI.

Em sua apresentação, Sonia Reese estudará um caso de sucesso da Avid. Ela irá discutir o dimensionamento do sistema projetado para a FOX Sports, mantendo o foco na infraestrutura de rede. A rede de um ambiente de produção com fluxos de trabalho Tapeless deve ser capaz de suportar uma enorme quantidade de conteúdo de mídia, juntamente com aplicações de TI, e ao mesmo tempo deve atender a requisitos de nível de serviço de entrega rigorosos.

Transmissões via Satélite

Representantes das maiores operadoras de satélites do mundo estarão presentes no Congresso SET para debater os resultados obtidos na transmissão dos jogos da Copa do Mundo, realizada no Brasil, e analisar as perspectivas para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor de Ensino da SET e moderador do painel “Resultados das Operadoras de Satélites na Copa do Mundo e Metas até os Jogos Olímpicos de 2016“, José Raimundo Cristóvam, a transmissão dos Jogos será mais complexa do que a da Copa do Mundo.

“Na Olimpíada, existem várias modalidades de esportes, atletas de dezenas de países e, com certeza, teremos um tráfego intenso de dados digitais sendo enviados para os satélites”, afirma Cristóvam, que também é diretor técnico da Unisat, “O objetivo do painel é analisar os patamares atingidos durante a Copa e avaliar os desafios que virão junto com a Olimpíada.”

Uma das questões a ser analisada pelos representantes das operadoras são os chamados “enlaces de distribuição e os enlaces de contribuição via satélite” – ou seja, os desempenhos efetivamente obtidos nas transmissões via satélites durante a Copa do Mundo. Na Olimpíada, a tendência é de que as emissoras de TV de todo o mundo produzam mais conteúdo digital – e, consequentemente, mais “enlaces” –, daí a necessidade de se fazer uma avaliação dos resultados obtidos na Copa para que não haja surpresas nos Jogos Olímpicos. “A comunicação via satélite, com a proximidade do ‘desligamento da TV analógica’ e o consequente aumento das transmissões em Full HD pela interiorização da TV digital no Brasil, bem como a crescente demanda de 4K e algumas experiências em até 8K, além de se tornar mais volumosa, vem sendo exigida cada vez mais em termos de disponibilidade, qualidade, confiabilidade e rapidez”, define Cristóvam.

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