Workflows virtualizados, MAM, e integração de softwares via IP são tendências para 4K

Temas foram colocados em pauta nas seis palestras da tarde do primeiro dia do SET Sul 2016, em Porto Alegre; a virtualização de workflows em 4K deixou de ser uma tendência e desponta como uma realidade do mercado audiovisual

Fred Litowsky, diretor regional da AVID

Fred Litowsky, diretor regional da AVID

Em uma indústria de broadcast cada vez mais voltada ao 4K e ao IP, a integração de softwares abertos e a virtualização nos fluxos de trabalho aparecem como soluções aos produtores de conteúdo e radiodifusores. Este foi o ponto em comum nas seis palestras da tarde desta terça-feira, 31 de maio, no SET Sul 2016, evento que se realiza na capital gaúcha e reúne mais de 200 especialistas e pesquisadores da área.

Na palestra “Tecnologia e novas plataformas para a produção de áudio e vídeo”, o diretor regional da AVID, Fred Litowsky, explicou aos participantes do SET Sul como o ambiente IP permite integrar soluções e customizar workflows: “Precisamos criar arquiteturas nas quais se construa uma ‘base’ em que possamos trabalhar com diversas soluções interconectadas, seja de transcode, de ingest, de storage, ou do que o nosso cliente precisar”.

A AVID tem se inspirado nesse modelo e cria uma infraestrutura com o Media Composer e o Media Central dentro de sua estratégia Avid Everywhere. “A ideia é que possamos oferecer uma plataforma unificada aos nossos clientes, pois, dessa forma, é muito mais fácil compartilhar recursos e construir soluções”.

O executivo reforçou, no Auditório da Unirriter, que a grande vantagem de um API-First é o usuário passar a ter um sistema aberto. “O nosso cliente pode optar por usar os nossos produtos ou os produtos dos nossos concorrentes, caso os prefira. Nós temos feito isso nas plataformas que desenvolvemos na AVID. Criamos sistemas abertos para dar escolhas ao cliente. Trabalhamos, hoje, com diversos fabricantes concorrentes, com as suas soluções e as nossas infraestruturas. A ideia é ter, então, um sistema mais aberto e útil”, concluiu.

 

Bruno Pessoa, especialista de produtos da EVS

Bruno Pessoa, especialista de produtos da EVS

Felipe Andrade, diretor Regional da Snell Advanced Media (SAM), apresentou “A abordagem da SAM para a nova infraestrutura de transmissão baseada em sistemas IP e playout virtualizado”, e falou da migração das plataformas de software do SDI ao IP, bem como da necessidade de trabalhar com virtualização em nuvem.Bruno Pessoa, especialista de produtos da EVS, também abordou os workflows IP em sua apresentação, “News and Broadcast Center Solutions”, com destaque para os workflows de notícias. “Antigamente, o fluxo de trabalho jornalístico era ingest e playout. Hoje, há outras necessidades, como content management, archive, ENGingest, armazenamento compartilhado, browser de conteúdos e live content management. Com a AVID, por exemplo, temos uma ferramenta de múltiplos CODECs que permite, inclusive, fazer check-in nas plataformas e nos servidores deles”.

“Na verdade, não existe ‘a cloud’. Estamos falando de servidores, computadores, em qualquer outro lugar que não seja a nossa emissora, a nossa casa. Há clouds públicas e clouds privadas. Há cinco anos, a estrutura de playout envolvia no mínimo cinco devices físicos. Hoje, o storage, os geradores de efeito, os geradores de caracteres, uma lista de automação, tudo fica em uma única ‘caixa’. Isso reduz o CAPEX, o custo de instalação, o custo de cabeamento, os pontos de integração, o espaço, a manutenção. A necessidade de saídas SDI está acabando. Por que não, então, inserir a estrutura de playout no Data Center? Essa possibilidade de virtualização e de aplicações baseadas em softwares abertos flexibiliza muito. Hoje, a SAM trabalha em parceria com a Cisco nessas aplicações”, disse o executivo.

Felipe Andrade, diretor Regional da Snell Advanced Media (SAM), apresentou “A abordagem da SAM para a nova infraestrutura de transmissão baseada em sistemas IP e playout virtualizado”

Felipe Andrade, diretor Regional da Snell Advanced Media (SAM), apresentou “A abordagem da SAM para a nova infraestrutura de transmissão baseada em sistemas IP e playout virtualizado”

Andrade abordou, também, a questão do 4K e da migração do SDI ao IP. “Por alguns anos, o 4K ficou restrito às produções em telas grandes ou para zooms dinâmicos. Hoje, o mercado de consumo está empurrando para baixo o preço dos televisores 4K. Está se criando uma demanda por conteúdos. O problema, aí, não é produção gravada. Mas, sim, a produção ao vivo. Qualquer produção necessitaria de quatro cabos SDI. E é aqui que o IP entra! Quando falamos em IP, falamos em portas de 10 Gb/s, 25 Gb/s e 40 GB/s. Quando falamos em SDI, chegamos a no máximo 3 GB/s. Em parceria com a Globosat, os switchers Kahuna da Snell terão entrada e saída em IP na Olimpíada Rio 2016”.

Amaury Silva Filho, gerente de vendas da Ross Video, também abordou os ambientes de produção IP/4K e elencou as características favoráveis às estruturas IP – assim como as ainda nem tão favoráveis. “A escalabilidade no SDI se dá através de blocos. No IP, isso se dá maneira mais flexível e simples. O IP consegue carregar muito mais sinais por meio de uma única porta ou um único dispositivo. A facilidade de expansão é outro ponto favorável. Mas, um dos principais ganhos do IP em relação ao SDI é o seu formato agnóstico. A longo prazo, o IP permite muito mais tranquilidade se amanhã os conteúdos vierem em 4K, 8K, HD, 3G ou 4G. Por isso, do ponto de vista do investidor, a infraestrutura IP permite uma longevidade”.

Entre os aspectos ainda não tão favoráveis a essa tecnologia, na opinião do executivo, estão a falta de interoperabilidade e o alto custo para implantação de sistemas redundantes.

MAM

Fabio Tsuzuki, sócio diretor da Media Portal, lembrou que o tempo para achar uma imagem em MAM com sistema digitalizado é muito menor do que o tempo para recuperar conteúdo em fita analógica ou, mesmo, em um sistema analógico com indexação. “Os salários dos operadores desses processos vão subir, porque os profissionais terão que ser mais qualificados para trabalhar com o MAM. Mas, o trabalho pode ser feito em muito menos tempo. O MAM é uma super ferramenta, capaz de gerar novas receitas e otimizar processos”, ressaltou Tszuki.

Captação em 4K

Amaury Silva Filho, gerente de vendas da Ross Video

Amaury Silva Filho, gerente de vendas da Ross Video

Fabrízio Reis, responsável comercial da CANON, abordou o tema da “Captação 4K e seus desafios operacionais e técnicos” em sua palestra. “Ouvimos falar continuamente em câmeras 4K. A dificuldade ainda é manipular esses conteúdos. A captação em 4K é absolutamente factível e real e, inclusive, sem grande diferença significativa em relação ao HD. Muitas séries, minisséries e outros conteúdos já são captados em 4K no Brasil, apesar de ainda não transmitirmos neste padrão. O Netflix, por exemplo, já tem a sua biblioteca de títulos em 4K”.

O representante da companhia japonesa alertou ainda que a qualidade de uma lente está relacionada à quantidade de vidro utilizado nela: “Quanto mais vidro, mais escura é a lente. O tamanho do sensor também rege a profundidade de campo. Sensores grandes têm pixels maiores. Sensores pequenos têm pixels menores. Sensores grandes são indesejáveis para a captação jornalística, por exemplo, mesmo em 4K, pois o desfoque fica muito grande com sensores de 35 mm. A captação 4K precisa levar em conta esse desafios na construção de uma lente. Precisamos de câmeras com sensor pequeno, de 2.3’, com MTF (Modulation Transfer Function), resolving power, e alto contrast ratio”, concluiu.

 

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DATA
O SET Sul acontece nos dias 31 de maio e 1º de junho de 2016.

HORÁRIOS
Das 9h às 18h.

LOCAL
Centro Universitário Ritter dos Reis/UniRitter, campus Zona Sul
Rua Orfanotrófio, 515. Alto Teresópolis
Porto Alegre (RS)

Por Gabriel Cortez e Fernando Moura (Porto Alegre). Fotos: Gabriel Cortez