SET Sul analisa codecs, novos sistemas de captação de vídeo, 4K, roteamento IP, Loudness, controle de qualidade de imagem e tendências do mercado broadcast

Todos esses temas foram apresentados no segundo dia do SET SUL 2014 por destacados profissionais do mercado broadcast no seminário realizado no auditório da Universidade Católica de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

A primeira palestra da manhã foi “Tecnologias de TI aplicadas em Broadcast”, ministrada por Cristiano Barbieri, da Grass Valley. Para ele, a indústria está funcionando com novas tecnologias de TI que estão sendo aplicadas ao mercado de Broadcast com Infraestrutura e Playout, como uma resposta às novas demandas, formatos e modelos de negócios, trazendo benefícios e redução de despesas operacionais e mais diferentes workflows.

Para Barbieri, os radiodifusores brasileiros estão, neste momento, frente a grandes desafios, entre eles, a incapacidade de gerar uma expansão simples para além dos limites físicos do roteador; trabalhar com orçamentos altos porque o cabeamento é caro, sem aproveitamento de economia em escala de soluções de TI; e porque os grandes projetos consomem até 10% do orçamento com cabeamento, e ainda serão mais honerozos com a incorporação da UHDTV.

Frente a isso, a solução seria criar infraestruturas IP com sistemas SMPTE 2022-6 de baixa tatência, baseados em sistemas determinísticos a partir de conexão de fibra de até 10Gbps; ou infraestrutura BDMI SMPTE – ST 425 com baixa latência, determinístico, e conexão de fibra até 40Gbps o que permite transportar 3 sinais 4K (12 sinais 3G), junto com 384 canais de áudio e metadados.

Erick Soares, da Sony Brasil, trouxe ao SET Regional Sul uma visão geral da evolução do 4K. As origens, a evolução e aplicação na área de produção. E os novos avanços para a produção ao vivo, bem como as tendências de mercado de produção e distribuição de conteúdo.

“O 4K já é uma realidade para o consumidor” e “uma realidade que está chegando à indústria”, porque, segundo Soares, o “4K começou no cinema, mas se alastrou ao broadcast. Hoje com o 4K temos ferramentas mais apuradas e para isso a Sony está dando treinamento aos profissionais do mundo e há uma evolução da produção neste formato”.

Japão e Coreia começaram em 2015 com transmissões 4K via satélite e em 2016 com transmissões experimentais em espectro terrestre. “Hoje podemos entregar conteúdo HD e o 4K pode ser uma forma de avançar nesse processo criando um workflow de captação de conteúdos que comecem a ser produzidos em 4K”.

Os sensores de 35 mm mudaram o conceito de captação, agora partimos para produção com maior luminosidade e riqueza de informação. “O sensor veio do cinema e deu maior plano focal ao mundo broadcast, com pixels maiores para ter melhores níveis de qualidade. Hoje temos câmeras com sensores até 16 bit para captação de cor com 65.536 tons de cor com range dinâmico”.

Soares falou ainda do zoom virtual “Cut-out” e no Stitching mostrando soluções esportivas em 4K para serem utilizadas em transmissões HD e como armazenar dados em um mundo onde cada dia aumenta a necessidade de grandes sistemas de armazenamento de dados.

Sidnei Britto, da SDBTV distribuidora de Harmonic no Brasil trouxe um tema importante a SET SUL, “Novos codecs HEVC” que poderão vir a ser fundamentais no novo formato UHD/4K. Neste novo formato é preciso, segundo Britto, ter codecs que possam ser utilizados para que a tecnologia 4K possa “proporcionar novas experiências aos telespectadores através de novos aparelhos com alta capacidade de processamento”.

Nesse novo panorama do mercado, o HEVC (High Efficiency Vídeo Coding) “é a nova geração de ferramentas de codificação de vídeo que permitirá a redução de até 50% na taxa de dados necessária para comprimir vídeo de alta qualidade”.

Segundo Britto, com a estandarização do HEVC poderemos ter “OTT HD/4K aproveitando o aumento do tráfego na Internet. IPTV através do Low Bit rate, e DTH com uma economia importante de satélite, com maiores ofertas HDTV+ e 4K”.

Mais tarde, Armando Isimaru, da JVC, ministrou a palestra “novos meios de contribuição ao vivo”, onde falou da evolução dos meios de comunicação nas últimas décadas com o advento da micro-onda, satélite, telefonia móvel e, mais recentemente, Das redes IP que encurtaram as distâncias e o tempo para uma matéria sair ao ar. Com isso, a pressão sobre a equipe de jornalismo por rapidez é cada vez maior requerendo equipamentos com melhor mobilidade e conectividade.

Desta maneira, Isimaru apresenta o desenvolvimento de uma solução da JVC com a mais avançada tecnologia em captação de imagem integrada à tecnologia IP e de telecomunicações em uma câmera compacta de alto rendimento capaz de fazer um streaming ou ftp in loco a qualquer parte do mundo.

Isimaru explicou o MXF Workflow que trouxe ao mercado hipóteses de ter metadata que pode enviar a câmera através da conectividade disponível (App ou FTP) onde cada clip gravado contém a informação do metadata descritivo e pode ser utilizado em sistemas de Ingest e Asset Management como “Search, Playout, Archival etc”.

Para o responsável da JVC “a televisão para subsistir tem de ter mais programas ao vivo, produzir ao vivo e analisar as mudanças” e neste sentido, o que precisamos é “dispositivos que permitam entrar ao vivo”.

A tendência, para Isimaru, é ter câmeras mais leves que permitam facilmente a “contribuição ao vivo diretamente de uma camcorder” porque, afinal, cada dia mais o que importa é enviar as imagens e permitir que o “jornalismo avance ao vivo”.

A seguinte palestra foi de Nuno Freitas, da Cis Group, e trouxe ao SET SUL soluções de “File Based Workflow”, afirmando que uma das opções no futuro será a de criar workflows completos baseados em arquivos com fluxos completamente realizados em “File based”.

Assim, Nuno Freitas explicou aos presentes os fluxos e o storage necessário para ser implementado em uma emissora de TV e como é possível controlar tudo a partir de sistemas conectados no “Cloud”.

Explicou também que o conceito de “SDI” está no final dos seus dias, e daqui para frente é preciso avançar em novos métodos para criar fluxos de produção ao vivo e para que as emissoras avancem em fluxos mais transparentes.

André Altieri, responsável pelo mercado de mídia e entretenimento na Cisco do Brasil, afirmou que o IP já não é futuro, senão uma realidade. “Hoje a distribuição, contribuição e produção funcionam com fluxos de trabalho de produção de mídia que se estão tornando procesos de TI”.

Na “NAB 2014, pensei que estava acordando de um sonho porque finalmente falamos de IP, de como transmitir áudio e vídeo em cima de uma rede de IP” porque as redes SDN/ATM começaram a desaparecer por não terem capacidade de distribuição de tráfego.

Hoje em dia, precisamos direcionar os fluxos para uma abordagem “totalmente tapeless” com interfaces 10GE/40GE com camadas “IP/MPLS” que permitem transformar uma rede em um sistema “multi-serviços”.

Para Altieri, as redes IP/MPLS permitem “um transporte ousado de vídeo para contribuição e distribuição gerando redes mais rápidas e transparentes”.

A palestra “Administração de “Loudness” para a Televisão Digital e Segunda Tela”, de Gilberto Felix, da Linear Acoustic, explicou aos presentes dois conceitos muito importantes na indústria: “Loudness” e “Segunda Tela”. Ele afirmou que “o controle de áudio é um processo, não só um produto e por isso precisamos educar para áudio. Precisamos ter técnicos que entendam de multi-banda e que coloquem o áudio no mesmo patamar do vídeo”.

Para ele, o Loudness no Brasil “é uma preocupação de todos os canais de TV Digital” porque “é um processo que vem desde produção ao Mix e finalmente controlada na transmissão com ajuda de processadores”. O problema é que Loudness “é subjetivo porque é percebido pelo ouvido e o cérebro”.

Para ele, no mundo digital de hoje, é necessária a “transição da transmissão terrestre analógica a digital” porque “as soluções analógicas que funcionaram bem não são adequados para o Mundo Digital”.

O palestrante ainda trabalhou o conceito de Segunda Tela. “A televisão atual está mudando rapidamente. Hoje em dia, mais e mais pessoas estão assistindo conteúdo de TV em seus celulares, IPad e tabletes. Conforme as emissoras continuam a transição para distribuição de conteúdo de segunda tela, o controle de loudness em programas e anúncios em vários dispositivos e ambientes diferentes também estão se tornando cada vez mais problemático”.

As palestras da parte da manhã do segundo dia do SET Sul 2014 acabaram com a apresentação de Juan Carlos Ortolan, da Ross Video, que trabalhou “roteamento IP e formato 4K”. Para ele, a infraestrutura IP é a tendência do mercado.

As emissoras, portanto, precisam entender o mercado e mudar seus fluxos. “A entrada do IP no mundo broadcast tem de ir da mão da sincronização, ou seja, o “incoming feed “ entra no mundo IP para o que precisamos uma mudança estrutural dos sistemas”

Para isso, Ortolan explicou como funcionam os roteadores para o mundo IP e os benefícios da implementação de roteadores IP com sistemas, por exemplo de IP Gateways, para a transição ao roteamento IP que permite a passagem de trafego de sinais SD para IP.

Ortolan pensa que é preciso criar novas estruturas, mas para isso planejar todo o processo e fluxo de trabalho da emissora para passar de sistemas SDI com sistemas totalmente sincronizados nas novas estruturas sobre base IP.

Por outro lado, Ortolan trabalhou a nova tendência do mercado que está indo para o formato “4K”, que “hoje já é uma realidade na indústria e  a Ross Video está desenvolvendo produtos para estes novos formatos”. Mas, segundo ele, a empresa  ainda está trabalhando em 3G “porque para trabalhar em 4K precisamos trabalhar em “dual link” como fizemos no passado, até que a tecnologia seja desenvolvida de uma forma sólida. Pensamos que o mercado vai para “Level B” com interfaces de Quad Link.”

O SET Regional Sul, Seminário de Tecnologia de Televisão e Multimídias, Gerenciamento, Produção, Transmissão, Distribuição de Conteúdo Eletrônico Multimídia, Interatividade, Mobilidade, Interferência, Broadcast e Broadband se realiza em Porto Alegre de 13 a 14 de maio de 2014.

Por Fernando Moura