Especialistas debatem em Porto Alegre o futuro da TV no Brasil

Mudanças tecnológicas, espectro e o desligamento do sinal analógico no país até 2018 foram os temas das duas atividades inaugurais do encontro na Unirriter, em Porto Alegre

Paulo Henrique de Castro (Globo) defende o valor da TV aberta brasileira em sessão moderada por Carlos Fini (RBS TV/SET), e Sady Ros (SBT)

Paulo Henrique de Castro (Globo) defende o valor da TV aberta brasileira em sessão moderada por Carlos Fini (RBS TV/SET), e Sady Ros (SBT)

O primeiro painel foi moderado por Carlos Fini, diretor do SET Regional Sul, e contou com as palestras de Paulo Henrique de Castro, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia e Telecomunicações da Globo, e Sady Ros, Gerente Técnico do SBT.

Castro ressaltou que o Brasil vive uma situação única em termos de TV: “Não podemos nos espelhar na experiência americana, por exemplo, em que a TV Aberta não tem a abrangência e a audiência que tem aqui. Em casos de emergência, por exemplo, a televisão é o primeiro veículo que os brasileiros buscam”.

Auditório do Centro Universitário Ritter dos Reis/UniRitter

Auditório do Centro Universitário Ritter dos Reis/UniRitter

“O broadcast ainda tem muita sobrevida, vai muito longe. Em 2015, os canais mais vistos foram mais de 60% de TV aberta, segundo o Ibope. Um outro dado, ainda mais contundente em respostas aos apocalípticos, é que a TV aberta ainda abocanha 68% do bolo publicitário. Então, aquelas opiniões de que a internet vai acabar com a TV não se justificam”, ponderou Sady Ros. “O consumidor de hoje não é mais aquele que só senta para assistir TV. Tanto que se criou o conceito de segunda tela. As grandes redes já têm os seus portais, SBT, Globo e Record”.

O palestrante encerrou discordando de quem afirma que a as pessoas vão passar a assistir TV nos computadores. “Essa coisa de prever o futuro é muito complicada. Mas, a tendência é que as pessoas façam o contrário: acessem a internet pela televisão”. Carlos Fini complementou o raciocínio do executivo do SBT e afirmou que nada mais reflete a questão da mobilidade do que o comportamento das pessoas. “Os devices pequenos estão se tornando presentes na vida das pessoas integralmente”, argumentou.

A questão da durabilidade da energia dos celulares também foi colocada em pauta como um desafio à passagem da TV aberta aos dispositivos móveis: “A mobilidade, do ponto de vista do aparelho, não é só transmitir um sinal robusto. Mas, há também a questão da gestão de energia. Hoje, se as pessoas utilizarem o celular para assistir televisão, ficam sem bateria para os outros usos do aparelho móvel. Eu não tenho duvida que, em médio prazo, essa solução estará integrada no mundo da televisão”, concluiu Paulo Henrique.

Ivan Miranda (RPC/SET) durante a sessão: “SET: Regulatórios – Desligamento 2018

Ivan Miranda (RPC/SET) durante a sessão: “SET: Regulatórios – Desligamento 2018

“Sessão SET: Regulatórios – Desligamento 2018”

Ivan Miranda, diretor de Engenharia da RPC (emissora afiliada da Rede Globo no Paraná), moderou a outra sessão da manhã do SET Sul 2016. Ao lado de Miranda, estiveram Martín Jales Hon, representando a Anatel; Paulo Henrique Balduino, diretor da Abert; e Tereza Mondino, consultora da SET.

Hon atualizou os broadcasters em relação ao trabalho do GIRED, falou do remanejamento e da liberação da faixa de 700 MHz e destacou algumas mitigações de interferências preventivas às quais os operadores de telecomunicação estarão submetidos.

Paulo Henrique Balduino lembrou a antecipação da LTE é outro aspecto que os radiodifusores precisam ficar atentos. “É um processo que corre em paralelo para que as operadoras de banda larga entrem no mercado antes mesmo da digitalização. É uma atividade extra para nós radiodifusores estarmos atentos. Além da questão das superposições, essa é uma das grandes preocupações. Como esse processo será gerido? Como a EAD vai administrar isso?”.

Tereza Mondino (SET) recomendou aos presentes que as emissoras devem realizar os seus próprios estudos de viabilidade para a migração

Tereza Mondino (SET) recomendou aos presentes que as emissoras devem realizar os seus próprios estudos de viabilidade para a migração

Finalmente, Tereza Mondino, consultora da SET, explicou o trabalho desenvolvido pelo “Grupo de Espectro” da entidade, e ressaltou que junto à Anatel e ao então Ministério das Comunicações, o Grupo trabalha para compreender e auxiliar no desenvolvimento dos aspectos regulatórios e procedimentais que incidem na digitalização.

Tereza apontou que ainda ha duas pendências que têm atrapalhado o processo de migração: as consignações de retransmissoras de TV secundárias (portaria n. 4.827/2015) realizadas pelo antigo Ministério das Comunicações, e o estudo de viabilidade de antecipação da operação dos canais de replanejamento.

“Há muitos canais secundários que foram deixados de lado. Se a emissora não fizer o seu próprio estudo de viabilidade, não sabe se poderá entrar já utilizando o sinal digital. Isso prejudicou e prejudica o processo de digitalização. A maior parte das emissoras secundárias estão esperando os processos de consignação e eles ó têm sido feitas sob demanda”, finalizou.

O SET Regional Sul conta com o apoio  Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT), da RBS TV e da Uniritter.

Confirma a programação completa aqui:

DATA
O SET Sul acontece nos dias 31 de maio e 1º de junho de 2016.

HORÁRIOS
Das 9h às 18h.

LOCAL
Centro Universitário Ritter dos Reis/UniRitter, campus Zona Sul
Rua Orfanotrófio, 515. Alto Teresópolis
Porto Alegre (RS)

Por Gabriel Cortez e Fernando Moura (Porto Alegre). Fotos: Gabriel Cortez