SESSÃO SET: Radiodifusão sonora presente e futuro

SET Nordeste 2016 debate o presente e futuro da rádio brasileira e indica que a migração não vai resolver o problema do rádio

2017SESSÃO SET: Radiodifusão sonora presente e futuroAA última sessão do SET Nordeste contou com a participação de Carmen Lúcia Rocha Dummar Azulai, presidente da ACERT (Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão); Fernando Ximenes, engenheiro da Gram-Eollic; e Eduardo Cappia, diretor da EMC/SET, que moderou e participou dos debates sobre “Radiodifusão sonora, migração AM-FM, EFM e desafios atuais da radiodifusão”.

Iniciando as explanações, Carmen Lúcia afirmou que o maior desafio da ACERT é continuar trabalhando para dar opção de escolha aos ouvintes. “Com a Internet, eles passam a interferir muito mais em nosso conteúdo, e fazem com que os nossos produtos sejam mais plurais e enriqueçam a indústria.”SESSÃO SET: Radiodifusão sonora presente e futuro

Em Fortaleza, afirmou a presidente da ACERT, a Voz do Brasil está “fora de moda e empobrece o rádio, porque a obrigatoriedade prioriza a uns e delega aos outros, sendo um problema para a pluralidade de opiniões”. Carmen alertou, também, que quanto menos habitantes têm uma população “maior é o preço de taxas por habitantes, sendo assim, uma rádio de Fortaleza paga seis vezes mais do que uma rádio de São Paulo, isso porque a taxa é feita pensando na potência do transmissor e não na cobertura, por ouvintes. Todos temos de pedir um modelo que seja igualitários e não como este, que é diferenciado”.

Ela argumentou, ainda, que, para a rádio não desaparecer, é preciso que a indústria saiba como garantir mobilidade na recepção: “deveríamos pensar em como faremos para ter acessibilidade nos receptores de rádio, estejam no celular ou nas outras plataformas, é uma iniciativa que tem que vir das rádios. Se não fizermos algo, no futuro, teremos que desligar os transmissores, não pela falta de qualidade, mas, sim, porque não teremos ouvintes”.

Após as considerações da presidente da ACERT, Eduardo Cappia explicou como a rádio está migrando de AM para FM e mostrou como as primeiras emissoras estão operando após a migração. Na palestra “Migração: primeiras emissoras no AR”, ele também analisou as classificações das emissoras e abordou conceitos de cobertura e de eficiência de sistemas.

“Deixando a faixa AM, o rádio confirma o seu momento atual de credibilidade e amplia cobertura em FM”, destacou Cappia, afirmando que o desafio, na região, está em como receber a faixa estendida FM, (76 a 88 MHz) na Grande Fortaleza.“A migração não vai resolver o problema do rádio. Ela coloca um novo desafio. A mudança é positiva, mas o problema continua sendo o conteúdo. O Ceará é pioneiro na migração no estado, com a Rádio Progresso, de Juazeiro do Norte, a mais de 500 quilômetros de Fortaleza, a primeira emissora a fazer a migração da AM para FM.”

Cappia lembrou que mais do 25% das emissoras, “hoje, migrariam para a Faixa Estendida podendo chegar a 345 estações em regiões de alta densidade populacional, o que é um imenso desafio; um desafio que passa por cumprir o cronograma e trabalhar para que dê certo a migração. Já não temos de ter projetos que trabalham com potência, mas sim com áreas de cobertura das emissoras de rádio e com eles, o contorno protegido de cobertura. Precisamos deixar de pensar em potência e passar a pensar em classe de emissora”.

O executivo disse que, para migrar, é preciso planejar o processo e pensar na “otimização da instalação” da emissora, a partir de parâmetros corretos que diminuam os problemas futuros de cobertura. As FMs precisam “ter um produto novo, com novas funcionalidades e requerimentos, que passam de um produto AM de 10 KHz para um produto FM de 200 KHz”, frisou Cappia.

O maior consumo de rádio pelo ar está no carro e no celular, lembrou. “Temos de ver como ter receptores que captem a faixa estendida. Já há algumas montadoras de carros que estão desenvolvendo centrais multimídia que ofereçam acesso a esta faixa”, concluiu o representante da SET.