SET e TRINTA: especialistas internacionais analisam o espectro televisivo no mundo

Qualidade da imagem e novos formatos de distribuição são apontados como saídas para período de transição; defesa do espectro de radiodifusão também é tida como essencial por broadcastersSET e Trinta 2016

“A TV não vai morrer, mas a TV tem de evoluir”: assim começou o Fórum de Tecnologia “A TV Aberta está à beira da extinção?”, realizado no terceiro dia do SET e TRINTA 2016, no Las Vegas Convention Center.

A diretora internacional da SET e moderadora da sessão, Liliana Nakonechnyj, introduziu as discussões e afirmou que as emissoras trilham dois caminhos concomitantes para enfrentar este momento de indefinição: o investimento em tecnologias de captação e exibição que aumentem a qualidade da imagem e a qualidade do serviço de TV (HDR, 4K, 8K) e a complementação de ofertas através de outras plataformas, como as OTTs.

“Os novos formatos de distribuição são importantíssimos, mas a radiodifusão continua sendo a forma mais eficiente de distribuir programação ao vivo. Por isso, a defesa do espectro é essencial, no sentido de proteger a televisão aberta e de garantir que ela possa evoluir e continuar oferecendo, gratuitamente, o que há de mais moderno a toda a população”, ressaltou Liliana, antes de passar a palavra aos convidados do Fórum.

O primeiro a falar foi Simon Fell, diretor de Tecnologia e Inovação da European Broadcast Union (EBU). Ele destacou os avanços no HDTV e mostrou como eles têm ajudado os broadcasters a reduzir os custos, a maximizar o alcance da audiência e a ampliar a experiência dos consumidores.

O executivo europeu disse que é “preciso preservar o espectro até 2023”, quando serão discutidas modificações na WRC-23. “Será a última oportunidade de avaliar a viabilidade e a necessidade de existência da TV terrestre”, segundo Fell, porque o crescimento e o avanço da faixa de 700 MHz faz perigar o futuro da TV e do seu espectro.

SET e Trinta 2016

Na opinião do palestrante, o 4K traz novos problemas e dificuldades neste âmbito, pois, “precisamos definir padrões e ver como transmitir nesta qualidade. Para enviar este tipo de sinal precisamos ter uma banda grande”, lembrou.

Sob este ângulo, o 4K pode ser uma excelente proposta para as transmissões de esportes, mas, temos de esperar os desenvolvimentos do HDR e da tecnologia de transmissão deste tipo de conteúdos e pensar em como serão criados os workflows para produções com este tipo de qualidade de imagem.

O caso do Japão
A diretora de Tecnologia de Radiodifusão Digital do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações do Japão, Reiko Kondo, explicou os processos que o governo de seu país está desenvolvendo para a implantação das tecnologias de 4K e 8K e falou das políticas públicas que os japoneses pensaram para a sua primeira transmissão em 8K, marcada para agosto deste ano.

SET e Trinta 2016Reiko afirmou que o Japão tem desenvolvido conteúdos e criado as condições de transmissão e difusão de receptores para promover a recepção em 8K visando a Olimpíada de Tóquio, em 2020, que “será transmitida em 8K”. Ela contou, também, que nos Jogos Olímpicos Rio 2016 haverá transmissões experimentais do Brasil para o Japão, em 8K, e reafirmou que ainda se analisam as melhores tecnologias de transmissão terrestre, em 4K e em 8K, para 2020.

Assim, exploram-se “os melhores parâmetros e o tamanho FFT que deve ser utilizado para a transmissão, a estrutura do frame, a modulação”, entre outras coisas, concluiu a representante japonesa.

Visão estrutural
Keiya Motohashi, presidente executivo e estrategista sênior em UHDTV do NexTV-F, trouxe uma visão mais estrutural e conceitual sobre as novas tecnologias, isto é 4K e 8K, em relação às metas do Japão: ter 20 canais 4K e um 8K, via satélite, já em 2018. Ele indicou, também, quais são as novas oportunidades em serviços B2B para o UHDTV.

Sobre o 8K, Motohashi afirmou que produzir conteúdos neste parâmetro é um diferencial muito grande, mas é um caminho lento que tem a ver com a evolução da tecnologia e que, a cada ano, vai oferecendo novos desafios.

Ele lembrou que, em 2006, já se podia produzir em HD, mas “hoje avançamos para o UHD porque produtores e engenheiros introduziram o parâmetro nos conteúdos dramatúrgicos, mudando a forma de produzir ficção”.

O futuro da TV, na opinião de Motohashi, depende de soluções e tipos de qualidade e de como a Internet pode estar em todo lado, por isso estamos em uma fase que a “NET comitê com a TV, ou seja, já não é Netx TV senão Net x TV”.

Neste contexto, o executivo da NexTV-F afirmou que o futuro passa por uma TV Hibrida que junte, no mesmo display, a transmissão broadcast e a Internet, onde convergem os públicos baseando os conteúdos e a informação, na qual “o HTML 5 seja fundamental nessa junção”.

Sistemas inteligentes e mobilidade
Young-Woo Su, diretor da Mobile/DTV Team, da coreana KBS, disse que o futuro da TV passa por sistemas inteligentes que utilizem a mobilidade como uma mais-valia. O executivo explicou como as emissoras de seu país fazem testes de TV terrestre em UHDTV e mostrou como avança a implantação da tecnologia na região.

Ele disse que, hoje, na Coreia, o streaming em grandes eventos é difícil de ser implantado devido à quantidade de pessoas que desejam assistir aos conteúdos; por isso, a transmissão por espectro em UHDTV é uma opção no país – e uma opção muito bem recebida pelos usuários.

As emissoras coreanas já transmitem UHDTV por espectro e conseguem enviar sinal UHD, HD e SD, ao mesmo tempo, para todo tipo de devices. A conversão de IP também pode ser utilizada com uma entrada de UHD + 8VSB, a plataforma que permite que o usuário pode ver o conteúdo que está sendo transmitido ao vivo e os conteúdo que estão arquivados no device, transformando o sinal em um sistema de VoD.

Ao que parece, portanto, o futuro da TV passa pela utilização do espectro, mas com um complemento para múltiplos devices, que permitam criar uma solução que possua o conteúdo ao vivo, tenha acesso à internet e ainda possa dar ao público opções de VoD. De todas as formas, tudo é um processo em andamento, no qual os países que trabalham para a construção do futuro da TV ainda buscam respostas: para onde ela vai?

O SET e TRINTA 2016 chegou ao seu fim, continuamos com as transmissões via Periscope até amanhã, 21 de abril.

Transmissão ao vivo desde a NAB 2016
A Revista da SET, acompanhando as tendências tecnológicas inovadoras, irá utilizar o aplicativo Periscope, que possibilita transmissão de áudio e vídeo em tempo real, em sua cobertura no Congresso da NAB e NabShow diretamente de Las Vegas nos Estados Unidos.

Para poder acompanhar as transmissões o interessado deverá adquirir gratuitamente o aplicativo em sua loja IOS ou GooglePlay.

Outra forma de acompanhar é seguir a conta do Twitter da revista: @Revistadaset, pois assim a cada início de transmissão uma notificação será enviada para o usuário.

Veja mais na edição especial da Revista da SET de Abril de 2016

 

Por Fernando Moura, Francisco Machado Filho e Paulo Galante em Las Vegas. Edição em São Paulo, Gabriel Cortez