Faixa de 700 MHz e o remanejamento de canais

Luiz Fausto (GIRED/ Globo) afirmou que, no futuro, caso o número de interferências ultrapasse 5%, as diretrizes serão revistas.
“Por enquanto, não temos tido problemas, mas, algumas interferências podem se manifestar a longo prazo, como terminais móveis em antenas internas amplificadas”

Na palestra “Remanejamentos: quando acontecerão e quem fará parte?”, Fernando Gomes de Oliveira, gerente de gestão e planejamento na EAD/Seja Digital, explicou pontos relacionados ao remanejamento de canais previstos no edital de venda da faixa de 700 MHz. O palestrante mostrou quando, como e quais canais serão remanejados e falou sobre os direitos e os deveres dos radiodifusores ao longo do processo.
O remanejamento será realizado em 1.034 canais, explicou. “Existe todo um trabalho sendo feito pela EAD para que o canal possa ser remanejado. Uma grande preocupação nossa é que os canais mantenham qualidade ou sejam ainda melhores do que antes de serem remanejados.”
A concentração maior de canais a ser remanejados é na faixa dos 700 MHz, mas também existem alguns pedidos de remanejamento de canais de outras faixas. “Em São Paulo, o remanejamento era necessário para que pudesse ser feito o desligamento analógico e a posterior ativação do LTE. Em Natal, por outro lado, havia apenas um canal na faixa dos 700 MHz. Até o momento, já executamos 288 remanejamentos, não todos elegíveis ao ressarcimento, ou seja, que ainda não realizaram investimentos. Até o final de abril, foram 164 canais, todos no Nordeste. Temos até dezembro de 2019 para liberar as outras 3.907 cidades.”
Em Recife, o remanejamento dos canais listados no agrupamento não seria suficiente, de acordo com o palestrante. “Fazemos medidas pré-remanejamento e pós-remanejamento, para conseguir comparar o sinal de determinado canal. Temos hoje 17 cidade em que o LTE já está ativado e as ações de mitigação corretiva estão em andamento. São 1.646 cidades liberadas que, agora, dependem do interesse das operadoras para que haja a mitigação preventiva e ativação.” Os relatórios da EAD sobre as atividades de remanejamento podem ser acompanhados no site tvperfeita.com.br.
Luiz Fausto, participante do Grupo Técnico de Recepção do GIRED e especialista em tecnologia da Globo, mostrou o que os broadcasters devem saber a respeito do início da operação do 4G/LTE na faixa de 700 MHz. O palestrante mostrou os tipos de interferência existentes e lembrou que o rompimento da relação de proteção depende do limiar de saturação, do C/N do sistema interferido, da seletividade do Rx interferido, das emissões indesejáveis do Tx interferente, da banda de guarda e da diferença de potência entre os sinais interferido e interferente. A interferência pode ser interna, externa ou coletiva, afirmou ele, antes de explicar como se dá a cronologia de ações de mitigação.
Luiz Fausto acredita que seja preciso fazer um estudo de viabilidade do 4G/LTE e dos 700 MHz para um determinado município. “Uma vez aprovado esse estudo pelo Gired, a operadora tendo interesse em utilizar a Faixa, ela precisa mostrar que cumpriu as ações de mitigação preventiva e, após a ativação, realizar as estratégias de mitigação corretiva. Entre as estratégias de mitigação preventiva estão a distribuição dos kits aos beneficiários de programas sociais; a comunicação com o público alvo e a instalação de um filtro na recepção de antenas coletivas.
A mitigação corretiva foi projetada em três níveis: enviar um filtro para a casa do reclamante; se o problema persistir, enviar um técnico para resolver; e, caso esse segundo nível não resolva, enviar um profissional ainda mais qualificado para solucionar o problema. “Na maioria dos casos, as operadoras têm adotado a solução de nível dois e essa solução tem funcionado”, afirmou o executivo. O atendimento ao público pode ser feito pelo telefone 0800 670 1010.