Desligamento analógico é tema de palestras em Manaus

SET Norte 2016 debate desligamento do sinal analógico de televisão no Brasil, com três palestras que compuseram a “Sessão SET: Espectro da radiodifusão: panorama mundial, switch-off e Gired”

Na comunicação “Desligamento do sinal analógico – experiências de Brasília e mudanças normativas para o Brasil”, André Felipe Seixas Trindade (SET/ABRATEL) afirmou que haverá a interrupção das transmissões analógicas, em 31 de dezembro de 2018, mesmo que a meta de 93% de residências preparadas para receber o sinal digital não seja atingida. “A condição dos 93% continua mantida. Na prática, sobretudo aqui no Norte, a dificuldade para atingir essa meta será maior, uma vez que 65% das residências ainda tem TV de tubo.” Ainda assim, o palestrante acredita que houve um aperfeiçoamento do processo com a portaria 6.580/2015, que estabeleceu, até o fim de 2018, o desligamento de todas as capitais e centros urbanos no país, bem como das localidades necessárias para viabilizar a utilização da subfaixa de 700 MHz pelas operadoras de telecomunicações.

André Felipe Seixas Trindade (SET/ ABRATEL) afirmou que haverá a interrupção das transmissões analógicas, em 31 de dezembro de 2018, mesmo que a meta de 93% de residências preparadas para receber o sinal digital não seja atingida

André Felipe Seixas Trindade (SET/ ABRATEL) afirmou que haverá a interrupção das transmissões analógicas, em 31 de dezembro de 2018, mesmo que a meta de 93% de residências preparadas para receber o sinal digital não seja atingida

“Nas demais localidades, o desligamento pode ser feito até dezembro de 2023, o que foi acatado pelo Ministério. A gente acredita que até 2023 o processo seja concluído em 100% das cidades, já que o tempo de vida útil de um televisor é de aproximadamente dez anos. Se o seu transmissor analógico queimar antes de 2023 e você quiser interromper a transmissão analógica, avise o Ministério em que data a transmissão será encerrada. Sugerimos também uma revisão das premissas para o cálculo de atingimento das condições para desligar a transmissão analógica (93%). O GIRED pode aconselhar o desligamento com menos de 93% por unanimidade”, comentou.

Gunnar Bedicks (Seja Digital) apresentou as “Atividades desenvolvidas pela Seja Digital no processo de liberação da faixa de 700 MHz” e afirmou que o aspecto mais importante com o qual os broadcasters precisam lidar é que não haverá cobertura de sinal digital em muitos lugares que, hoje, contam com sinal analógico. “Temos falado de critérios técnicos, de comunicação, mas o ponto mais importante que precisamos avançar e trabalhar em conjunto é que não há cobertura de sinal digital em muitas áreas que serão desligadas”, disse. Os grandes desafios do projeto de desligamento no país, na visão de Bedicks, são o orçamento curto, o acesso da população de menor renda aos equipamentos, os problemas de cobertura de TV Digital, a formação de antenistas e a complementaridade de comunicação.

O palestrante lembrou que há uma determinação do Governo para que a faixa de 700 MHz seja entregue às operadoras de telecomunicação até dezembro de 2018 e explicou como a cobertura foi pensada no Japão e na Inglaterra. A grande diferença dos processos de desligamento inglês e japonês para o processo de desligamento brasileiro é a meta de cobertura. “O Brasil não tem meta de cobertura estabelecida para o encerramento do sinal. Isso ficou faltando e estamos vivendo esse problema hoje. No Reino Unido, 98,5% dos domicílios deveriam ter sinal digital antes de o switch-off ser realizado. No Japão, 100%. Aqui, estamos começando a pensar nisso apenas agora, após já termos vendido a faixa. Em Brasília, temos 17 sinais analógicos no ar e 12 digitais. Os canais analógicos que não digitalizaram serão desligados e ficarão fora do ar agora em novembro. Em Goiás, já fizemos uma prévia de medições para o desligamento que ocorrerá em maio de 2017.”

Metodologia de testes para avaliação da recepção do sinal de TV Digital ISDB-T

Em sua palestra, Eduardo Bicudo (SET/Systec/EBcom) apresentou uma “Metodologia de testes para avaliação da recepção do sinal de TV Digital ISDB-T”, na qual afirmou que a televisão no Brasil é gênero de primeira necessidade. “Ninguém fica sem”, frisou, “por isso, a nossa proposta é identificar os problemas de cobertura da TV Digital, estudar locais para instalação de Gap Fillers ou SFN, analisar o sinal digital na borda de cobertura e realizar medições de campo utilizando a metodologia de radiais. Fazemos um drive test com o carro em movimento e temos a possibilidade, então, de medir oito canais simultâneos, realizando uma análise pontual”, explicou.

A metodologia proposta por Bicudo utiliza círculos concêntricos no planejamento da medida de campo por radiais sobre o mapa das cidades. “A partir da torre de transmissão, é traçado o círculo a cada 3 Km, de acordo com a área geográfica da cidade. Cada ponto de intersecção entre o círculo e a radial é um ponto da medida ponto a ponto. Na medida em movimento (Drive Test), o carro procura andar sobre a radial. Em relação ao drone, é um equipamento que nos oferece uma tecnologia de apoio para análises técnicas, tanto uma análise subjetiva das antenas das casas, quanto uma análise de estruturas de torres.”

Em São Paulo, em julho de 2016, a equipe de Bicudo mediu 11 canais digitais e 1 canal analógico. “Percorremos 1.376,4 Km e medimos 218.303 pontos e clusterização de 10m. Cada ponto medido corresponde a um raio de cinco metros. A altura da antena monopólio do solo é de 2,3 metros. Em laboratório, é realizado o modelamento de canal, considerando a recepção fixa com a antena à 10 metros do solo. A duração dos testes de campo é de 60 horas”, lembrou.