Agilidade na produção jornalística para TV e todas as mídias

SET Sudeste 2017

por Gabriel Cortez e Fernando Moura

O broadcast precisa se reinventar e não produzir apenas as notícias do dia, disse Fábio Medeiros (Esporte Interativo)

A distribuição de vídeos em redes sociais e a repercussão de conteúdos ao vivo no telejornalismo foram apontadas como estratégias para as emissoras trabalharem em um ce-nário de múltiplas plataformas e de convergência midiática, em sessão moderada por Raimundo Lima, diretor editorial da SET, intitulada “Agilidade na produção jornalística para TV e todas as mídias”.

André Junqueira, editor-chefe da TV Gazeta, afiliada da Globo no Espírito Santo, afirmou que a prestação de serviços e as notícias ao vivo, aliadas à credibilidade, são elementos eficazes para a atratividade e a manutenção da fidelidade do telespectador em emissoras que quase não produzem conteúdo de entretenimento. “A estratégia de utilização das redes sociais, de forma inteligente e responsável, principalmente em tempos de fakenews, consolida ainda mais as emissoras regionais como fonte de informação preferencial da população. Mas, de nada adiantam esses cuidados editoriais se não tivermos tecnologias que nos possibilitem oferecer conteúdo de qualidade com agilidade”, ponderou.

O diretor editorial da SET, Raimundo Lima, moderou a sessão “Agilidade na produção jornalística para TV e todas as mídias”

O diretor sênior de conteúdo do Esporte Interativo, Fábio Medeiros, apresentou as estratégias da emissora para trabalhar com as novas mídias. A empresa investe em conteúdos ao vivo e em tempo real (24 horas), com vinte e dois repórteres no Brasil e sete correspondentes na Europa. “Nascemos em uma era em que é necessário estar em todos os lugares. Estamos batendo 600 milhões de interações no Facebook em 2017 e, por dia, fazemos cerca de 500 publicações, de maneira segmentada, com branded content (conteúdo patrocinado). Às vezes, temos cinco repórteres no final do dia em cinco clubes diferentes. Na TV, só conseguimos transmitir um ou dois minutos do treino de cada time. No Facebook, conseguimos passar a coletiva inteira do técnico de um time de maneira direcionada para os torcedores”, ressaltou.

A emissora trabalha com 35 câmeras, 13 dispositivos de streaming 3G/4G e 350 smartphones. “Temos capacidade de entrar ao vivo de treze lugares do país. Em um jogo da Champions League, por exemplo, tivemos problemas com o nosso equipamento ENG e a repórter usou o iPhone pessoal dela, transmitindo via 4G, durante todo o pré-jogo.

” O broadcast precisa se reinventar e não produzir apenas as notícias do dia, na opinião do executivo. “O público quer novas informações e a repercussão dos assuntos na televisão. As notícias do dia eles acessam rapidamente pelas novas mídias. A CNN, por exemplo, só fala sobre três assuntos por dia em sua programação, focando na repercussão dos assuntos e não mais em dar a notícia fresca, que está ficando para o digital. Isso foi passado em um treinamento oferecido pela Turner, nos Estados Unidos, do qual participei recentemente. Precisamos entender o comportamento das pessoas em cada device para ver o que elas estão buscando”, concluiu Medeiros.

“O que nos dá audiência é a repercussão dos temas, com credibilidade”, opinou Isabele Benito (SBT Rio)

“Essa história de que a televisão vai morrer, de que o rádio vai morrer, a gente ouve faz tempo. A televisão não vai morrer”, destacou Isabele Benito, apresentadora do SBT Rio, jornal local da emissora na capital carioca. “Hoje temos quatro mochilinks no nosso programa e fazemos as coberturas no momento em que as pautas aparecem. Fazemos um telejornal de opinião com mais de uma hora de transmissão mas com, em média, cinco VTs. Em alguns dias, um único assunto pauta todo o telejornal. O que nos dá audiência é a repercussão dos temas, com credibilidade. Não podemos mais ignorar qualquer tipo de informação, mesmo que a imagem não esteja perfeita, não podemos negá-las. As notícias falsas também nos trazem cada vez mais importância.”

As redes sociais são importantíssimas na produção do telejornal SBT Rio, de acordo com Isabele. “Temos uma pessoa só para monitorar as redes sociais durante a uma hora e meia do programa. Ele fica no switcher, ligado nos influenciadores das comunidades e buscando vídeos e conteúdos que são produzidos por moradores. Nós aproveitamos esse material para repercutir ao vivo. O nosso desafio é esse: a rapidez, sem perder a credibilidade. Entender o telespectador todos os dias é fun-damental, para mim como jornalista, assim como para vocês da engenharia e da tecnologia”, finalizou Isabele.