Radio Digital – FM HD Radio e DRM+
A Recomendação ITU-R BS 1114-6 “Sistemas para Radiodifusão Sonora Digital Terrestre para Receptores Veiculares, Portáteis e Fixos na faixa de frequências 30 – 3000 MHz” apresenta alguns sistemas digitais nomeados pelas letras A, F, C que representam respectivamente os padrões Eureka 147, ISDB-Tsb, HD Radio. Atualmente, o consórcio DRM busca incluir um sistema digital G, conhecido como DRM+ para adoção e aprovação no Grupo de Estudo 6, de forma a ser incluído na referida Recomendação. Nessa Recomendação dois padrões já conhecidos, o Eureka 147 e o ISDB-Tsb, europeu e japonês, respectivamente, foram desenvolvidos em faixas de frequências diferentes daquelas usadas pela radiodifusão no mundo inteiro. Embora a faixa de VHF seja frequentemente citada para os dois padrões, na prática os sistemas foram desenvolvidos para frequências acima de 200 MHz, particularmente na faixa de 1,5 GHz. O Canadá, por exemplo, transmite o sistema Eureka 147, planejado na faixa de frequência do canal 12 de televisão e não na faixa de FM. Na Europa, quer os sistemas sejam por satélite ou terrestre utilizam a faixa de 1,5 GHz. Já no Japão, os sistemas utilizam satélite ou terrestre a faixa de 2,6 GHz. Exclusivos para faixas FM O sistema IBOC HD Radio FM foi desenvolvido pela empresa IBiquity e apresenta comercialmente soluções que já estão disponibilizadas ao público consumidor, enquanto o DRM+ carece ainda de se firmar como sistema comercial. Embora os sistemas digitais apresentem qualidades do áudio diferentes, dependendo principalmente da largura de faixa utilizada, outras características são apresentadas na Recomendação que facilitam a adoção de determinado padrão pelas Administrações. Por exemplo, algumas características são fundamentais para avaliação do desempenho dos sistemas, não citaremos todas, pois constam da Recomendação 1114-6. Outras características são ainda especificadas tais como para o custo de produção do receptor. Todas as informações comparativas, fornecidas pelos detentores dos padrões, são na verdade instrumentos para ajudar países na decisão do padrão que melhor se adéqua ao modelo de radiodifusão sonora empregado em suas Administrações. Para o Brasil, que possui um número de estações de rádio acima de 4.500, sempre se buscou priorizar um padrão que levasse em conta a transmissão em Onda Média e em Frequência Modulada, a faixa de freqüência a ser adotada. Buscou-se também um padrão que não demonstrasse necessidade adicional de planejamento de canais, o qual despenderia mais espectro, a disponibilidade comercial de equipamentos de transmissão e recepção, bem como o aproveitamento do parque instalado das emissoras. Num momento em que as tecnologias disponíveis facilitam o surgimento de novos dispositivos para comunicação de alto poder de consumo, muitos se perguntam se vale a pena postergar uma decisão no sentido de observar o mercado e ver se surgem possibilidades novas para ajudar a incrementar o Rádio e oferecer soluções melhores que as propostas. 1,5 bilhão de receptores A união é fundamental em toda essa discussão para evitar que a decisão seja pela indecisão, na qual universidades passem a ditar verdades sobre a radiodifusão comercial, que radiodifusores, principalmente em Onda Média, preocupados pela proliferação da pirataria utilizando transmissões em FM dentro de sua de área de cobertura, busquem soluções em serviços alheios e que o próprio governo, timoneiro nessa viagem, estabeleça estratégias de conseqüências gravíssimas para o setor. Sabemos a fascinação, o deslumbramento, a empolgação que o Rádio inspira em todos nós. Surjam gadgets e outras quinquilharias consumistas, que a própria banda larga ajudará a trazer, mas o Rádio continua sendo o veículo mais respeitado pela sociedade. Não querendo ser filósofo de ocasião, mas um padrão para ser adotado em qualquer lugar do mundo, precisa primeiro ser adotado em seu próprio país. Mas qual país?
*Ronald é diretor de rádio da SET e assessor técnico da associação Brasileira das emissoras de rádio e televisão (ABERT) ([email protected]) |
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Revista da SET – ANO XXI – N.113 – MAR/ABR 2010 |