É o Rádio AM ainda importante ?

É o Rádio AM ainda importante ?
Por Ronald Barbosa
Recente artigo americano pergunta Is the AM Still Relevant? É uma pergunta um tanto quanto intrigante, num momento que se discute a digitalização do rádio AM e do rádio FM. Muitos consideram que a maioria da juventude atual já não ouve rádio AM, que o nível de ruído nos grandes centros tem impedido que receptores de rádio AM tenham boa audiência. A interferência quem diria é um grave problema de nossos dias e isso não é privilégio do rádio AM.Entretanto, é visível a queda de qualidade para o AM, de grande parte dos receptores atuais principalmente aqueles que têm AM e FM.

Por diversas vezes alimentamos a idéia de que receptores móveis não serão capazes de acomodar sintonizadores AM e principalmente suas antenas.

Portanto, um importante estudo deve ser encomendado nesse sentido, sobre essa possibilidade.

Com o FM não tem problema, se adapta muito bem aos receptores móveis, está na faixa de VHF e tem largura de faixa suficiente para acomodar quatro ou mais transmissões digitais simultâneas.

Isso leva muitos radiodifusores a pensarem na possibilidade de ter uma FM a qualquer preço. A idéia não é ruim afinal, pois para o AM temos o terreno enorme, a potência nominal de alto valor e o custo de manutenção nem pensar.

De repente, para alguns, o rádio AM se tornou proscrito. Todos ignoram que quase duas mil estações no Brasil ainda usam transmissão AM, que milhões de ouvintes nos grandes centros, nos centros distantes e em locais não visíveis por outras mídias ainda tem o rádio AM como a sua principal via de acesso à civilização, à informação e ao entretenimento.

Isso sem contar que pedidos de aumento de potência para o rádio AM ainda fazem parte dos pedidos que ocorrem normalmente no Ministério das Comunicações e na Anatel.

Nos Estados Unidos cerca de 9 mil estações AM cobrem o país de leste a oeste e de norte a sul.

A maior nação do mundo não cogita encerrar as transmissões AM em seu território.

Não é possível a países da América do Sul e da América Central incluindo o Caribe abrir mão de suas transmissões AM em função de um efêmero modismo que tomou conta por questão da mobilidade e portabilidade. Aliás, são duas questões que o rádio conhece de muito tempo.

As pessoas vão continuar superlotando ônibus, metrôs e trens. E no chacoalhar desses meios de transportes a única mídia acqqwostumada com esse tipo de aglomeração é rádio AM. Além disso, teremos que fazer uma grande discussão jurídica, política e empresarial.

Isso inclui ter que negociar com a nação FM. E ainda que todos passem a transmitir em FM e ainda que haja uma extensão para a faixa do FM, a fim de acomodar as estações remanescentes das transmissões AM, não será possível cessar as transmissões AM.

A indústria do AM resiste e ainda é uma indústria forte.

Muitos até aceitam o padrão HD Radio desde que sua emissora AM tenha um canal correspondente em FM. Já não se discute a importância do HD Radio frente a outras tecnologias.

O Brasil faz um esforço muito grande para revitalizar o DRM tanto na Europa falando dos testes realizados aqui, quanto na CITEL ao apresentar a proposta já apresentada na UIT.

Ao mesmo tempo inicia-se uma discussão sobre o uso dos canais 5 e 6 para o rádio, com a extensão natural da faixa FM.

São todas boas soluções técnicas e que podem vingar um dia. Em compensação o RDS já criou um novo tipo de ouvinte, aquele que não conhece mais a frequência da emissora, pois procura a emissora, pelo nome.

De toda a forma estamos tentando convencer o mundo sobre a importância do padrão DRM para as transmissões AM e FM, incluindo Onda Curta ao mesmo tempo queremos passar as nossas emissoras AM para FM antes que o mundo faça isso. Já ressuscitamos a Telebrás, nada mais é impossível.

Durante o Congresso SET 2010 vamos continuar discutindo o tema, haja vista a importância para a radiodifusão brasileira, contudo, novas tecnologias para o rádio, principalmente para o áudio do rádio, também deverão ter sua importância nessa discussão.

Os diferentes tipos de conexões possíveis, utilizando IP poderão dar nova direção para aplicações, gerenciamento e controle de programação para as emissoras de rádio.

Temos convicção que as emissoras de rádio continuarão a ter sua importância sempre relevada na vida do cidadão brasileiro. Estamos buscando sempre a tecnologia de vanguarda que possa manter o rádio no patamar de melhor veículo de comunicação existente.

Precisamos levantar outros dados a respeito da radiodifusão sonora, como os dados de alteração de características técnicas, a confiabilidade popular e a informação mais ágil para acesso da população.

Muitos estudiosos poderão repensar, a partir do artigo da revista americana, pontos importantes para a radiodifusão sonora brasileira, que a aproxima de países extremamente desenvolvidos e não a deixa afastar de outros países em desenvolvimento.

Queremos ter uma indústria que possa atender aos interesses dos radiodifusores e ao mesmo tempo proporcionar à população todas as vantagens que a moderna tecnologia oferece em outros meios de comunicação.

Que seus receptores tenham o “formato” atual. E que a radiodifusão continue a ser uma transmissão ponto-área e não seja confundida com uma transmissão ponto-multiponto.

E quando ouço alguém, num grande centro, a contar a sua vida e seus problemas através do rádio AM, concluo, ele ainda é a mídia, é o veículo.

Ronald Siqueira Barbosa é diretor de rádio da SET e diretor de tecnologia da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) – email: [email protected]