A ANTENA COLETIVA E A TV DIGITAL

RECEPÇÃO
A ANTENA COLETIVA E A TV DIGITAL
NECESSIDADE DE INSTALAÇÃO DE ANTENAS COLETIVAS PARA RECEPÇÃO UHF EM CONDOMÍNIOS, PARA A PERFEITA TRANSIÇÃO DO ANALÓGICO PARA O DIGITAL.
Por Eduardo Bicudo

Com a entrada no ar marcada para 2 de dezembro de 2007, em São Paulo, a TV digital trará uma mudança de comportamento do telespectador e forçará os técnicos de instalação a se adaptarem para a nova realidade. A recepção da TV aberta, livre e gratuita, sofrerá alterações substanciais. O maior problema da recepção de TV digital não estará no uso de antenas internas ou externas. Estas terão facilidade de recebimento do sinal pelo próprio sistema de modulação COFDM, que permitirá uma maior penetração e maior robustez do sinal. Hoje, em residências onde o sinal analógico não é bom e o telespectador costuma assistir via parabólica, uma antena externa de UHF poderá resolver o problema na recepção da TV digital.
No entanto, a aplicação da antena interna deverá aumentar, pois em muitos apartamentos e casas o sinal analógico é razoável, mas com fantasmas. No caso da TV digital o sinal será recebido com qualidade.
O problema maior, sem dúvida, está na antena coletiva, onde não existe regra de instalação. Quando o sistema analógico começou, existiam apenas os canais de VHF (2 a 13) e, portanto, os fabricantes de equipamentos para o sistema coletivo passaram a fabricar componentes e cabos com resposta na faixa de VHF (canais 2 a 13). Assim, centenas de edifícios na Grande São Paulo instalaram seus sistemas com distribuição para os canais 2 a 13.
Passaram-se alguns anos e os canais de UHF (14 a 69) entraram em operação e os novos condomínios não tinham interesse em receber o UHF, até porque a instalação do sistema VHF tem um preço e para VHF+UHF o preço é mais alto. Como a programação dos canais de VHF sempre atendeu a expectativa da população, não houve interesse dos condomínios na instalação ou adaptação dos canais de UHF. Portanto, até hoje são instaladas, em sua maioria, antenas coletivas apenas com o sistema VHF (canais 2 a 13).
A solução dada pelos antenistas para os condomínios que optam por ter os canais de UHF (14 a 69) normalmente é a instalação de conversores de UHF para VHF, onde o sinal é distribuído no mesmo cabo atual, reduzindo custos. É usual a utilização dos canais de letra situados antes do canal 7. Cada empresa de instalação ou antenista escolhe aleatoriamente o canal de UHF a ser convertido para VHF.
Assim, temos uma situação onde o síndico e os condôminos, normalmente leigos no assunto, optam sempre pelo preço mais baixo. Raramente se investe em um sistema de maior qualidade e assistência técnica adequada.
Visando orientar o condomínio, na troca ou adaptação do sistema, mostramos a seguir algumas informações sobre a antena coletiva.

Antena Coletiva
Um sistema de antena coletiva é constituído, por três partes:
• Captação
• Processamento de sinais
• Distribuição
Vamos então descrever as conseqüências da implantação da TV digital em cada parte do sistema de antena coletiva:

RecepçãoCaptação
A captação é a parte do sistema constituído pelas antenas. Em cidades como São Paulo, onde as torres de transmissão estão instaladas em locais separados, é necessária a instalação de uma antena para cada canal, fazendo com que as fábricas de antenas forneçam antenas mono canal para facilitar a equalização do sistema. Em São Paulo, temos hoje 7 canais analógicos de VHF e mais de 10 canais analógicos de UHF. No caso da TV digital que está chegando, é preciso que os condomínios iniciem o processo de substituição do sistema analógico para o digital. Como já informado anteriormente, os sinais da TV digital serão na faixa de UHF, o que implica na substituição de antenas de VHF pela de UHF. É importante lembrar que durante o período de transição os canais de VHF ainda estarão no ar e deverão ser mantidos até que todos os condôminos já tenham substituído a recepção analógica pela digital. Os sinais captados pelas antenas são enviados para o painel de processamento de sinais através de cabo coaxial apropriado.

Processamento de sinais
O painel de processamento de sinal deve ser instalado em local fechado, livre de interferências e umidade. A casa do elevador não é um local indicado pelo fato de ter motores que geram interferências.
Neste painel chegam os cabos das antenas e aí estão os misturadores, amplificadores e filtros, cuja função é receber, combinar, equalizar e amplificar os sinais recebidos, preparando-os para a distribuição. Para a execução deste trabalho é preciso que o técnico de instalação tenha instrumento adequado para realizar a calibração e ajuste do sistema. Com a entrada da TV digital é conveniente que seja instalado um painel de processamento de sinal em paralelo com o painel do sistema analógico. Como já relatado acima, é importante lembrar que durante o período de transição, os canais de VHF ainda estarão no ar e deverão ser mantidos até que todos os condôminos já tenham substituído a recepção analógica pela digital. Os sinais de TV processados e equalizados são encaminhados à saída destes dois painéis (analógico e digital) que devem ser acopladas para serem distribuídos via sistema de distribuição com cabo coaxial.

O sistema de distribuição de sinais
O sistema de distribuição de sinais é constituído de cabo coaxial e de tomadas instaladas nos apartamentos. Normalmente, a distribuição de sinais de antena coletiva e CATV em prédios de apartamentos é composta de uma ou mais prumadas, por onde passam os cabos (linhas de descida de sinal), dos quais se extrai uma fração do sinal para fornecer ao usuário. Os componentes normalmente utilizados para fazer esta distribuição são as tomadas blindadas e divisores. Aí está o grande problema de adaptação do sistema de TV analógica para o sistema de TV digital. Na maioria dos sistemas, o cabo coaxial instalado nas prumadas foi fabricado para passar sinais de VHF (canais 2 a 13) e, conseqüentemente, as tomadas de TV instaladas nos apartamentos também foram fabricadas para passar os canais de VHF (canais 2 a 13). Portanto, os canais de UHF (14 a 69) são bloqueados, motivo pelo qual o instalador faz a conversão dos canais UHF (14 a 69) analógicos para canais VHF (2 a 13). Desta forma os antenistas distribuem os canais de UHF nos condomínios sem precisar trocar o sistema de distribuição. Com a TV digital, será necessário fazer o canal de UHF(14 a 69) chegar até o apartamento onde está o receptor de TV digital. Portanto, para os condomínios, cujos cabos e tomadas não foram trocados para receber o UHF, será necessária a substituição de todo o sistema de distribuição. Pelos cabos e tomadas substituídas deverão passar os sinais de VHF (2 a 13) e UHF (14 a 69). Mais uma vez é importante lembrar que durante o período de transição, os canais de VHF ainda estarão no ar e deverão ser mantidos até que todos os condôminos já tenham substituído a recepção analógica pela digital.
Os problemas de recepção mexem diretamente na área comercial das emissoras. Deste modo, para as emissoras que pretendem entrar no ar com a TV digital, é conveniente analisar todos os problemas e soluções encontrados em São Paulo, para que todos os problemas sejam reduzidos. A área de engenharia das emissoras fora de São Paulo deve começar a se preocupar com este problema agora, para minimizar a passagem do analógico para o digital.
As localidades cuja população não tem a cultura do UHF, mas possuem este sinal na cidade, devem iniciar um trabalho de mudança de cultura. Lembre-se que a TV digital será em UHF, e, portanto, as antenas de recepção deverão ser substituídas.

O Autor – Eduardo Bicudo é vice-diretor de Ensino da SET e membro do Fórum Brasileiro de TV Digital

Revista da SET – ANO XXI – N.96 – 2007

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