Processo de migração do rádio AM para o FM é debatido em São Paulo FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailPrint

Faixa estendida de FM só será uma realidade quando forem liberados os canais 5 e 6
hoje utilizados pelo sinal analógico da TV aberta brasileira

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Um Seminário realizado pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado São Paulo (AESP) debateu os procedimentos, prazos e detalhes previstos na legislação vigente para a migração da rádio AM para FM, e elaborou tópicos técnicos do processo e fundamentos sobre a faixa estendida FM de 76 a 88 MHz.

O seminário ”Processo de Migração do Rádio AM para o FM”, realizado em São Paulo nesta quarta feira, 17 de fevereiro, no auditório da sede da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi coordenado pelo Comitê Técnico AESP e trouxe à capital paulista radiodifusores de diferentes Estados brasileiros, como, por exemplo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, entre outros.

O Presidente da AESP, Paulo Machado de Carvalho Neto, afirmou na cerimônia de abertura do seminário que a “rádio está em um momento decisivo com a migração. O pleito da migração foi feito nesta casa (FIESP) em 25 de setembro de 2012 durante o 17º Congresso da Radiodifusão do Estado de São Paulo, e hoje é uma realidade. Naquele momento iniciamos o caminho da migração, e hoje é uma realidade”.

Ele disse que o compromisso da entidade é propiciar o debate. “Demos um passo muito importante com o processo de migração, por isso a AM ressurge no Brasil, são muitos benefícios para o rádio. A migração reduzirá o ruído e permitirá que o rádio chegue a mais brasileiros e a novas gerações através do celular”.
aesp3Carvalho Neto finalizou a sua apresentação afirmando que o rádio brasileiro vive um excelente momento. “A migração é a maior vitória do rádio brasileiro dos últimos 50 anos”.

A primeira palestra do seminário “Aspectos técnicos legais do processo migratório” esteve a cargo do líder do Comitê Técnico da AESP/SET, Eduardo Cappia, que apresentou detalhes da Legislação vigente com discussão sobre prazos e previsibilidade da operação das primeiras emissoras migrantes no Estado de São Paulo na faixa convencional e faixa estendida, e deu especial destaque à habilitação do primeiro lote de emissoras no Estado de São Paulo.

Cappia afirmou que no dia 25 de fevereiro começa o processo migratório da rádio, um processo de 90 dias. Este, primeiro, é um processo legal e administrativo e depois o processo de adaptação das infraestruturas das emissoras. “Se o radiodifusor não entregar tudo em 90 dias, a emissora passa ao lote residual”.

Ele afirmou que o trabalho do “Comitê Técnico da AESP” tem sido fundamental para o desenvolvimento da entidade e para o esclarecimento dos processos. “Hoje a migração é um processo real, concreto, por isso pretendemos aqui entender a legislação e o processo com o decreto de 2013. Ainda contestamos algumas questões da regulamentação do decreto como, por exemplo, o caso da Rádio Cultura de São Paulo. Outro ponto diz respeito à banda estendida e o que acontecerá com ela”, afirmou Cappia.

aesp2E finalizou dizendo que “todo esse desafio tem de preservar o nosso ouvinte/usuário, por isso a rádio tem de se adaptar à FM e com ela adaptar-se à nova realidade. A migração é um oxigênio, mas não a solução. O que nos deu a migração é a possibilidade de entrar no celular, a rádio FM se ouve no celular. Isso em um momento em que temos uma tendência de maior consumo do rádio pelo ar, tanto no carro como no celular”.

“Equipamentos para Migração e formulários do Ministério das Comunicações” foi a segunda palestra do seminário. Nela José Mauro de Ávila, Vice-Líder do Comitê Técnico AESP, explanou-se sobre os equipamentos previstos para as emissoras migrantes, incluindo detalhes sobre os formulários que as emissoras apresentarão na habilitação. Nela muitos dos presentes, várias centenas de radiodifusores, fizeram perguntas e debateram detalhes da migração entre elas, detalhes sobre potência e áreas de cobertura.

Ávila explicou as diferentes classes de emissoras, e como elas são enquadradas. Ele mostrou alguns equipamentos obrigatórios na migração. Entre eles, afirmou que as novas emissoras de FM terão de ter um monitor de modulação com canais secundários (RDS), “situação que as rádios AM atuais não têm, e deverão vir a ter na FM”.

Outro exemplo de equipamento é a “Carga Fantasma para a classe A1 (190), e na Classe E1, E2, E3 deverá ter transmissor auxiliar, carga fantasma, grupo gerador, analisador de espectro,” todos equipamentos que se não existirem nestas emissoras que migrem para FM, “a Anatel interditará a emissora, pois são equipamentos obrigatórios”.

Ante a pergunta da Revista da SET sobre o que acontecerá com a faixa estendida com a mudança do cronograma do apagão analógico, Cappia e Ávila disseram que não haverá “faixa estendida sem apagão analógico” e que em cidades como São Paulo “esta só poderá ser utilizada em 2017 quando seja realizado o apagão”. Tudo, porque um processo depende do outro, “sem apagão não podemos avançar para a utilização do canal 5 ou 6”.

 

Por Fernando Moura, em São Paulo