Novas fronteiras para os links de reportagem

As emissoras hoje contam com variadas plataformas para distribuir notícias e conteúdo audiovisual em geral. Ante recursos como satélite, fibra, micro-ondas e internet 4G, as empresas querem saber como tornar mais ágeis suas transmissões ao vivo. O que utilizar? Como se equipar? Tais perguntas nortearam um painel da SET EXPO 2018 moderado por Caio Augusto Klein, gerente de operações da RBSTV, de Porto Alegre.

Billy Neves, diretor executivo da Broadmedia, explicou como a agregação de protocolos IP (o uso conjunto de variadas fontes de internet, físicas ou remotas) pode aperfeiçoar as transmissões feitas por “mochilinks” (centrais portáteis, geralmente instaladas em mochilas). “As câmeras capazes de fazer streaming permitem apenas uma conexão, o que é um limitante. Um hotspot com múltiplas fontes dinamiza o trabalho de campo, permitindo captações de múltiplos ângulos e transmissão simultânea”, exemplificou o profissional. A agregação pode aperfeiçoar também as transferências de arquivos e o VOIP (telefonia por internet).

Após basear-se em bandas C e KU, o mochilink, o celular e as câmeras com chips, coberturas jornalísticas em unidades móveis poderão ser feitas por meio da banda KA, originada de satélite de alta capacidade e de última geração (HTS). Uma solução da InternetSAT foi mostrada pelo fundador e CEO da empresa, George Bem. A tecnologia garante cobertura em grande parte do Brasil, via banda dedicada, e já conta com diferentes equipamentos e plataformas homologados. “Em termos de disponibilidade, qualidade e estabilidade, a banda KA é muito melhor do que o rádio e a fibra para transmissões”, disse Bem.

O painel apresentou um case de uso de redes celulares com SLA para a transmissão de vídeos de contribuição, como reportagens de rua. O projeto, de uma rede de TV brasileira não identificada, baseou-se em solução técnica da rede móvel da operadora Claro, com broadcasting baseado em mochilas do tipo LiveU – que contornariam o problema da disputa de banda com outros usuários de internet, podendo prejudicar a qualidade da transmissão. “O recurso tem capacidade de priorização e opera a partir de VPN, o que não fere o princípio de neutralidade da rede exigida pela Anatel”, ilustrou Carlos Camardella, consultor de Engenharia de Telecom e integrante da diretoria de Evolução Tecnológica de Redes da Embratel/Claro Brasil.

Laércio Silveira, Technology Manager da TV Globo, falou sobre o repertório de serviços de conectividade utilizado pela emissora para viabilizar suas plataformas de contribuição jornalística instantânea. De acordo com o executivo, os automóveis transmitindo via micro-ondas ou via satélite implicam custo alto e limitações de mobilidade, mas continuarão em uso, por serem “portos seguros”. No entanto, as transmissões weblink (mochilink), via internet 3G e 4G, ganham força cada vez maior.

Silveira detalhou que a recente greve dos caminhoneiros brasileiros mobilizou 1.623 weblinks, responsáveis por mais de 1.000 horas de conexão. As contribuições ao vivo por meio da internet totalizaram mais de 40 horas de cobertura ao vivo, ocupando 100% da capacidade dos servidores da empresa. O palestrante explicou que o uso intensivo do weblink gera apreensão quanto à estabilidade do serviço de tráfego de dados. “O recurso garante agilidade e é vantajoso do ponto de vista financeiro”, reconheceu Silveira, “mas na Globo a diretriz da redução de custos não pode afetar a qualidade”.