Avanço do digital pede mais segurança

O aumento de produtos e fluxos de trabalho digitais torna a segurança um fator crítico para o mercado audiovisual. Como evitar vazamentos de conteúdo, proteger direitos autorais e comerciais, coibir a pirataria, impedir a ação de hackers e resguardar dados de usuários e clientes? Especialistas debateram essas questões na SET EXPO 2018, em painel comandado por Emerson Weirich, diretor da regional Centro-Oeste da SET e gerente de projetos e desenvolvimento da EBC.

“A internet e os processos digitais mudaram a forma como produzimos e consumimos mídia, deixaram tudo mais conveniente, mas abriram um oceano para os piratas”, definiu Carlos Cunha, gerente de Solutions Architecture da Edgeware. Estima-se que 69% dos jovens utilizem, hoje, ao menos um método de pirataria. O Kodi, software multiplataforma capaz de distribuir conteúdo ilegalmente, já conta com 35 milhões de usuários no mundo. “Também cresce o número de transmissões ilegais no YouTube, no Facebook e em sites”, observou o executivo.

Calcula-se que o prejuízo da indústria audiovisual com ações fraudulentas alcançará US$ 60 bilhões em 2022. Cunha apontou novas tecnologias de marca d’água digital, baseadas em códigos visuais únicos aplicados a obras audiovisuais, como meio de identificar e inibir downloads e streamings ilegais de conteúdo. O Bitstream Watermarking, segundo o palestrante, facilitaria a implantação do recurso, por minimizar tráfego de dados e armazenamento.

Josimar Machado, CEO da JMV Technology, apontou outras soluções para validação de acesso a produtos audiovisuais. Exemplos: bots para exigir login e barrar compartilhamentos de senhas; ferramentas de geolocalização ou similares para supervisionar acessos e impedir ingressos simultâneos de um mesmo usuário; recursos baseados em capturas de tela (screencast); plug-ins de blindagem para navegadores de internet; recursos de gerenciamento de direitos autorais (DRM); e até identificação biométrica. Machado ponderou, contudo, que certos problemas estão além do alcance das defesas tecnológicas. “Portais de comércio eletrônico consentem com a pirataria”, lamentou.

O Blockchain, tecnologia viabilizadora das moedas virtuais (criptomoedas), é uma aposta do setor para elevar a segurança e a rastreabilidade no intercâmbio de mídia. “O recurso possibilita identificações e autenticações de alta confiabilidade em todas as transações, porém obedecendo a requisitos desejáveis de confidencialidade”, comentou Carlos Henrique Duarte da Silva, CTO Blockchain Technical Leader da IBM Systems. A empresa fechou uma parceria com a MediaOcean para integrar uma plataforma do gênero a ecossistemas de mídia. “Ela garantirá, por exemplo, que uma peça publicitária seja veiculada no canal correto”, afirmou Silva, lembrando o caso de uma montadora de automóveis que, no YouTube, teve anúncios inseridos automaticamente em vídeos do Estado Islâmico.

Sérgio Hoeflich, especialista em gerenciamento de risco da ANSP, apontou o perigo da adoção precipitada de ferramentas de cibersegurança. “Em primeiro lugar, as empresas precisam fazer uma avaliação minuciosa de riscos, para então investir em procedimentos e métricas padronizadas e confiáveis”, recomendou o perito. “Se as perdas potenciais com fraudes forem maiores do que os ganhos, a aplicação de recursos de defesa é investimento, não gasto”, pontificou Hoeflich.