A automação dos processos de jornalismo

No primeiro dia de Congresso SET, na sala 14, a palestra “Produção e Jornalismo: Automação” contou com o moderador Raimundo Lima, do SBT e integrante do fórum SBTVD. Ele iniciou o debate considerando que os recursos humanos são tão importantes quanto os equipamentos, afinal são necessários que a formação e a transformação do perfil dos profissionais acompanhem o desenvolvimento tecnológico.

O painel ainda contou com André Luis Costa, diretor executivo de Jornalismo da Band e da BandNews, Marco Nascimento, jornalista  de larga experiência e Danilo Garcia, diretor de vendas da Seal Broadcast Content que trouxeram visões diferentes acerca da questão da automação do Jornalismo.

Marco Nascimento, trouxe ao Congresso SET uma visão acadêmica do jornalismo

Jornalista há 30 anos, Marco Nascimento, afirmou que estamos na Era da “Dromologia” (dromos= corrida),  no corredor da notícia, ou seja, os profissionais de televisão correndo contra o tempo para divulgar informações. Atualmente, passamos pela revolução pós-digital de acordo com Nascimento. “Revolução pós-digital é a casamento da televisão com a internet”, afirmou o jornalista baseado nos estudos de Paul Virílio.

Para ele, a TV do futuro vai contar com múltiplas telas e imagens de ultradefinição, tecnologia IP e serviços oferecidos nas nuvens, integração com internet e mídias sociais em tempo real e segunda tela da TV com informações e serviços. No entanto, afirmou que a tecnologia 4K e drones, por exemplo, ainda são muito distantes da realidade dos brasileiros, mas são uma realidade mundial. Ele concluiu sua apresentação com o ditado “slow news, no news”, demonstrando a importância da agilidade de transmissão de notícias e também se mostrou otimista em relação ao papel do jornalista diante de inovações tecnológicas.

Danillo Garcia, da Seal Broadcast and Content, abordou a alteração de perfil técnico tanto da engenharia quanto do jornalismo. Ele afirmou que os desafios sempre existiram nas fusões operacionais e atualmente, existem novos desafios, como principalmente a proliferação de dados. Sendo assim, é necessário o surgimento de novos profissionais dentro da produção e o armazenamento em larga escala, a exemplo do uso das “nuvens”.

O diretor de vendas da Seal também apontou os principais motivos para automação de produção como diminuição de erros operacionais, redução no custo de produção a médio prazo e reciclagem de mão de obra para atividade mais produtivas. Ele finalizou com a exibição de um vídeo de estúdio automatizado que conta somente com um operador (“home alone”): o objetivo das grandes emissoras em longo prazo.

André Luis Costa, diretor executivo de Jornalismo da Band e da BandNews, iniciou sua apresentação afirmando que “nossa função principal [do jornalista] é contar histórias”, portanto, o auxílio da engenharia na automação da produção é muito importante para fazer com que o jornalismo cumpra sua função. Atualmente, os jornalistas da Rede Bandeirantes são treinados para atuação multimídia e existe uma amplificação dos recursos tecnológicos mais simples como smartphones e notebooks.

Costa afirmou que além da atuação multimídia, existe a multifuncionalidade do jornalista, que pode lidar com até 20 interfaces ao mesmo tempo, dando agilidade – eliminação de processos, e fluidez para os veículos. Para ele, o que importa é a relevância do conteúdo, existente em todas as mídias. Ao final das exposições dos palestrantes, o painel abriu espaço para pergunta dos ouvintes.

A 27ª edição do Congresso da SET acontece de 23 a 27 de agosto de 2015 no Expo Center Norte, em São Paulo. Este é o Congresso mais importante das áreas de engenharias e novas mídias da América Latina reunindo especialistas dos Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, para debater e analisar a situação atual e as principais tendências em produção, transmissão e distribuição e contribuição de TV. Na edição deste ano o foco passa pelo desligamento analógico da TV e os temas relacionados com esta transição.

Fonte: Revista da SET