Audiência de emissora em Rio Verde cresce após desligamento

Congresso SET

Patricia Abreu – Diretora de Comunicação do Seja:Digital – EAD

Patricia Abreu – Diretora de Comunicação do Seja:Digital – EAD

O switch-off analógico no Brasil foi, mais uma vez, o tema de uma das sessões do SET EXPO. Na manhã do primeiro dia do Congresso SET, broadcasters e representantes de emissoras brasileiras contaram – na sessão “TV Digital – Fim do analógico, manutenção da audiência” – as suas estratégias de comunicação e de integração com as comunidades em que houve ou em que haverá o desligamento.
Carlos Cauvilla, diretor de tecnologia da TV Anhanguera, primeira emissora do país a realizar o switch-off, na cidade de Rio Verde (GO), afirmou que o “apagão” do sinal da emissora foi feito com 85% de conversão, “apesar disso, a nossa audiência cresceu 13%, porque as pessoas estavam sabendo. Traçamos um plano integrado de ação, que envolveu uma conscientização de todos os atores envolvidos no processo, desde os nossos funcionários, até o público. Fizemos um plano de trabalho, com objetivos, responsabilidades e cronogramas”.
O palestrante lembrou, ainda, que a TV Anhanguera buscou entender qual seria o cenário com o qual trabalharia na cidade goiana. “Um dos maiores problemas que encontramos foram as antenas. A instalação dos kits dos programas Bolsa Família e do Cadastro Único também foi uma dificuldade, tanto com os antenistas do varejo da cidade, quanto com as famílias. Fizemos campanhas de comunicação, treinamentos em parceria com o SENAI e treinamentos no IFG, em Brasília. Além disso, procuramos informar e conscientizar os líderes comunitários e os lojistas, para orientarem as famílias a comprarem conversores ou TVs com conversores. Hoje, fazemos uma distribuição do sinal analógico com letterboxing. É preciso fazer uma programação diferenciada para a exibição do canal analógico. Tivemos ações de jornalismo e tivemos um trabalho de comunicação, com vídeos informativos específicos para o canal analógico.” Os adiamentos também foram apontados por Cauvilla como empecilhos à credibilidade do processo. “Em Rio Verde, tivemos dois. Esses adiamentos atrapalham muito, sobretudo em relação à aceitação do público.”
André Dias, diretor de projetos especiais da Globo, abordou as estratégias de comunicação da empresa na divulgação da transição digital. “O governo estabelece uma campanha obrigatória em três fases. Temos, também, uma campanha voluntária, da Globo, que envolve diversas estratégias, nacionais e regionais de merchandising, propaganda, jornalismo. Aliás, o trabalho do jornalismo local, junto ao trabalho que realizamos, é essencial. Em cada emissora que vai entrar no processo de digitalização, fazemos um treinamento na afiliada, para padronizar as informações a todos os funcionários. É necessário envolver toda a rede. Estamos sempre nos eventos com representantes falando do processo de digitalização.”
O executivo destacou o programa de formação de técnicos criado pela emissora carioca, o Patrulha Digital, com o objetivo de disseminar informações . “Em 2014, criamos o Patrulha Digital, no Rio de Janeiro, que envolveu a formação de disseminadores da TV Digital. Em Rio Verde, tivemos um acordo com o SENAI de local, em que formamos cinquenta garotos. Para Brasília, formamos 1.100 disseminadores no SENAI, com treinamentos de funcionários da TV Globo. Nesses cursos, falamos sobre o switch-off, sobre o descarte correto dos equipamentos que estão nas casas das pessoas, e falamos sobre a oportunidade que aqueles jovens terão nas cidades em que moram e haverá a digitalização. É uma oportunidade para esses garotos entrarem no mercado de trabalho, já que, após a formação, eles fazem a ‘Patrulha Digital’ de campo. O trabalho do jornalismo também é essencial para informar as pessoas de que haverá a ‘Patrulha’.”
“Durante a patrulha digital, realizamos também uma pesquisa informal para que o nosso trabalho de campo seja ajustado com base no que a população nos conta. O trabalho junto ao antenista deve ser muito próximo, pois são eles que estão em contato com as pessoas. Do mesmo modo, com os varejistas. Quando iniciamos o processo em Rio Verde, as pessoas não tinham conhecimento dos atores que estavam por trás do processo. Três meses antes do switch-off, as pessoas acreditavam que a Globo era a responsável por todo o processo de desligamento e não o Governo”, lembrou Dias.

Carlyle Ávila, da RPC, destacou a utilização do humor nas campanhas da afiliada da Globo no Paraná: “Utilizamos insights humorísticos, em parceria com um canal de vídeos no YouTube (TV Piá), para nos comunicarmos com o publico jovem, que eram os principais difusores. Percebemos que as mulheres eram muito importantes na digitalização. Fizemos anúncios em jornais, também explorando o humor.”
A RPC estabeleceu um projeto de cinco anos para o desligamento, pensado em sete fases, com o desafio de medir todas as fases, contou Ávila. “A primeira fase tinha o objetivo de levar conhecimento ao telespectador sobre o que é a TV Digital. No primeiro dia que colocamos a palavra ‘analógico’ na tela, com um telefone para ouvidoria e dúvidas, recebemos mais de três mil ligações. Em duas semanas, tínhamos mais de 2.500 pessoas cadastradas. Começamos a fazer pesquisa com essas pessoas. Tivemos 739 respondentes, que nos indicaram quais eram as dúvidas deles. O nosso desafio é sempre ter um olhar amplo, em 360 graus. Em uma emissora regional, precisamos de volume, variedade e velocidade de ações, sempre baseado em pesquisa e em métrica.”
Alexandre Barros, coordenador do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), relembrou as ações do órgão desde o início do processo, em 1994, e mencionou os desafios com os quais se deparam. “Um desafio grande para a gente é atingir os 93% para que consigamos realizar o desligamento. Outro é a definição dos pares digitais das estações. A análise dos processos tem sido feita conforme o cronograma do desligamento estabelecido pela portaria 378/2016 e suas alterações. Em setembro do ano passado, o Ministério editou a Portaria 4.287/2015, para garantir a continuidade dos serviços em retransmissoras. O desligamento de Brasília está previsto para 16 de outubro de 2016. “Boa parte das consignações já está encaminhada. Faltam cinco geradoras e quatro RTVS. Para 2017 e 2018, temos um cronograma já estabelecido.”

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