“A TV não vai morrer, mas a TV tem de evoluir”

SET e TRINTA 2016 Parte II

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Com estas palavras, Liliana Nakonechnyj, diretora internacional da SET começou a sua fala no Fórum de Tecnologia “A TV Aberta está à beira da extinção?”. Segundo Liliana, no momento, as emissoras trilham dois caminhos concomitantes para enfrentar esta situação: o investimento em tecnologias de captação e exibição que aumentem a qualidade da imagem e do serviço (HDR, 4K, 8K) e a complementação de ofertas através de outras plataformas, como as OTTs.
“Os novos formatos de distribuição são importantíssimos, mas a radiodifusão continua sendo a forma mais eficiente de distribuir programação ao vivo e a defesa do espectro é essencial para proteger a televisão aberta e garantir que ela possa evoluir e continuar oferecendo o que há de mais moderno, gratuitamente, a toda a população”, ressalta Liliana.
Em um painel recheado de figuras internacionais, o primeiro a discursar foi Simon Fell, diretor de Tecnologia e Inovação da European Broadcast Union (EBU) quem destacou os avanços no HDTV e mostrou como a EBU têm ajudado os broadcasters a reduzir os custos, a maximizar o alcance da audiência e a ampliar a experiência dos consumidores.
O executivo europeu disse que é “preciso preservar o espectro até 2023”, quando serão discutidas modificações na WRC-23. “Será a última oportunidade de avaliar a viabilidade e a necessidade de existência da TV terrestre”, segundo Fell, porque o crescimento e o avanço da faixa de 700 MHz coloca em risco o futuro da TV e do seu espectro.Para ele, o 4K traz novos problemas e dificuldades neste âmbito à indústria audiovisual, e sobretudo às emissoras de TV, pois, “precisamos definir padrões e ver como transmitir nesta qualidade. Para enviar este tipo de sinal precisamos ter uma banda grande”, lembrou.
Sob este ângulo, o 4K pode ser uma excelente proposta para as transmissões de esportes, mas, temos de esperar os desenvolvimentos do HDR e da tecnologia de transmissão deste tipo de conteúdos e pensar em como serão criados os workflows para produções com este tipo de qualidade de imagem.

Reiko Kondo afirma que no ano de 2018, o governo japonês espera que as TV 4K superem as 2K, e em 2020, na altura dos Jogos Olímpicos Tokio 2020, o parque de TV 4K chegue ao 70% do total

Reiko Kondo afirma que no ano de 2018, o governo japonês espera que as TV 4K superem as 2K, e em 2020, na altura dos Jogos Olímpicos Tokio 2020, o parque de TV 4K chegue ao 70% do total

O caso japonês em destaque

Olímpio Franco, presidente de SET, e Simon Fell, diretor de Tecnologia e Inovação da European Broadcast Union (EBU)

Olímpio Franco, presidente de SET, e Simon Fell, diretor de Tecnologia e Inovação da European Broadcast Union (EBU)

Reiko Kondo, diretora de Tecnologia de Radiodifusão Digital do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações do Japão – mais uma vez palestrando em um evento SET, o que demonstra a importância que o governo japonês dá a esse tipo de iniciativa da entidade – explicou os processos que o governo de seu país está desenvolvendo para a implantação das tecnologias de 4K e 8K e falou das políticas públicas que os japoneses pensaram para a sua primeira transmissão em 8K, marcada para agosto deste ano.

A funcionária governamental afirmou que o Japão tem desenvolvido conteúdos e criado as condições de transmissão e difusão de receptores para promover a recepção em 8K visando a Olimpíada de Tóquio, em 2020, que “será transmitida em 8K”. Ela contou, também, que nos Jogos Olímpicos Rio 2016 haverá transmissões experimentais do Brasil para o Japão, em 8K, e reafirmou que ainda se analisam as melhores tecnologias de transmissão terrestre, em 4K e em 8K, para 2020.
Assim, segundo Reiko, explo-ram-se “os melhores parâmetros e o tamanho FFT que deve ser utilizado para a transmissão, a es-trutura do frame, a modulação”, entre outras coisas, concluiu a representante japonesa.

Para Young-Woo Su (KBS) o futuro da TV passa por sistemas inteligentes que utilizem a mobilidade

Para Young-Woo Su (KBS) o futuro da TV passa por sistemas inteligentes que utilizem a mobilidade

Keiya Motohashi, presidente executivo e estrategista sênior em UHDTV do NexTV-F do Japão, trouxe uma visão mais estrutural e conceitual sobre as novas tecnologias, isto é 4K e 8K, que focaram em algumas das metas do Japão em termos audiovisuais: ter 20 canais 4K e um 8K, via satélite, já em 2018; e quais são as novas oportunidades em serviços B2B para o UHDTV.Sobre o 8K, Motohashi afirmou que produzir conteúdos neste parâmetro é um diferencial muito grande, mas é um caminho lento que tem a ver com a evolução da tecnologia e que, a cada ano, vai oferecendo novos desafios.
Ele lembrou que, em 2006, já se podia produzir em HD, mas “hoje avançamos para o UHD porque produtores e engenheiros introduziram o parâmetro nos conteúdos dramatúrgicos, mudando a forma de produzir ficção”.
O futuro da TV, na opinião de Motohashi, depende de soluções e tipos de qualidade e de como a Internet pode estar em todo lado, por isso estamos em uma fase que “já não é Next TV senão NET x [vs] TV”.
Neste contexto, o executivo da NexTV-F afirmou que o futuro passa por uma TV Hibrida que junte, no mesmo display, a transmissão broadcast e a Internet, onde convergem os conteúdos e a informação, na qual “o HTML 5 seja fundamental nessa junção”.

Sistemas inteligentes e mobilidade
Continuando com as experiências asiáticas, Young- Woo Su, diretor da Mobile/DTV Team, da emissora pública coreana KBS, disse que o futuro da TV passa por sistemas inteligentes que utilizem a mobilidade como benefício. O executivo explicou como as emissoras de seu país fazem testes de TV terrestre em UHDTV e mostrou como avança a implantação da tecnologia na região.

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Keiya Motohashi (NexTV-F) analisou o futuro do 4K e 8K

Ele disse que na Coreia, o streaming em grandes eventos é difícil de ser implantado devido à quantidade de pessoas que desejam assistir aos conteúdos; por isso, a transmissão por espectro em UHDTV é uma opção no país – e uma opção muito bem recebida pelos usuários.
Contudo, as emissoras coreanas já transmitem UHDTV por espectro e conseguem enviar sinal UHD, HD e SD, ao mesmo tempo, para todo tipo de devices. A conversão de IP também pode ser utilizada com uma entrada de UHD + 8VSB, a plataforma que permite que o usuário possa ver o conteúdo que está sendo transmitido ao vivo e os conteúdos que estão arquivados no device, transformando o sinal em um sistema de VoD.
Ao que parece, portanto, o futuro da TV passa pela utilização do espectro, mas com um complemento para múltiplos devices, que permitam criar uma solução que possua o conteúdo ao vivo, tenha acesso à internet e ainda possa dar ao público opções de VoD. De todas as formas, tudo é um processo em andamento, no qual os países que trabalham para a construção do futuro da TV ainda buscam respostas: para onde ela vai?

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